Peça sobre Enéas revela político fora da caricatura
Dentro da programação do TREMA! Festival, espetáculo "Meu nome é Enéas - o último pronunciamento" é encenado nesta sexta-feira
Embora o foco midiático estivesse na disputa entre Lula (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN), a eleição presidencial de 1989 ficou marcada também por apresentar ao Brasil um de seus políticos mais folclóricos. O tom raivoso, o visual pitoresco, as palavras rápidas e o insistente bordão fizeram o cardiologista acreano Enéas Carneiro tornar-se conhecido pelos eleitores brasileiros, mesmo com míseros 15 segundos de propaganda eleitoral gratuita na televisão. A figura do político é homenageada na peça "Meu nome é Enéas - O último pronunciamento", que estreia nesta sexta-feira (5), às 21h, no Espaço Cênicas, dentro da programação do TREMA! Festival 2017.
A peça é uma homenagem ao deputado federal, que morreu há 10 anos. Para os admiradores do fundador do extinto Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), ele foi mais do que uma figura exótica. "Neste momento em que a sociedade brasileira precisa refletir sobre a situação política na qual vivemos, vi muito vídeos de Enéas viralizarem na internet. Por conta da semelhança física e pela paixão com a qual ele defendia seu discurso, senti vontade de conhecer mais a fundo quem ele era e como pensava", conta Márcio, que interpretou o vilão Baal na série "Supermax", da Globo. Realizado pela Gota Serena Produções e eventos, o monólogo tem dramaturgia e direção do próprio ator.
Com base em entrevistas e nos três livros deixados por Enéas, Márcio imaginou como seria seu último pronunciamento. No palco, o personagem passa a limpo sua trajetória, com especial atenção para os últimos 18 anos de vida, inteiramente dedicados ao engajamento político. "Estou dando voz a um homem que passou mais de uma década lutando por um Brasil diferente e, no fim das contas, acabou morrendo no esquecimento", diz.
Visto por seus opositores como alguém de postura radical, Enéas estava longe de ser uma unanimidade. "Sem dúvidas, ele era um conservador. No entanto, sempre foi aberto ao diálogo. Acredito que, com a ampliação de alguns debates que existe hoje, muitas de suas opiniões mudariam", aponta o artista. De acordo com ele, foi difícil encontrar informações que ajudassem a compreender como o político era na vida pessoal. "O que sabemos é que ele era uma pessoa simples, de origem humilde, que sempre se dedicou aos estudos. Além de parlamentar, foi médico, físico, matemático e professor. Era um homem preparado para dirigir o País, mesmo com suas contradições", defende.
Serviço:
Espetáculo "Meu nome é Enéas - O último pronunciamento"
Sexta-feira (5 de maio), às 21h
Espaço Cênicas (Av. Marquês de Olinda, 199, bairro do Recife)
Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 99525-5117
