Sergio Guizé fala sobre o retorno ao papel de Candinho, em "Êta Mundo Melhor!"; confira entrevista
A novela estrou em junho e é exibida de segunda a sábado, às 18h30 na TV Globo
Mesmo após quase 10 anos, alguns detalhes e características de Candinho se mantiveram vivos nas lembranças de Sergio Guizé. O ator, inclusive, flertava com a ideia de reviver o protagonista de “Êta Mundo Bom!” mais uma vez. Ele só não imaginou que esse reencontro seria um compromisso de longos meses, como ocorre em relação a “Êta Mundo Melhor!”, sequência da obra original assinada por Walcyr Carrasco, que estreou recentemente no horário das seis.
“Imaginava que o Walcyr escreveria uma peça ou um filme sobre o Candinho. Mas não uma novela. Estou amando o processo todo, sinto que sou uma pessoa mais feliz, nove anos depois, mais preparado para viver os desafios da personagem, da nova trama. Aproveito cada momento. É um personagem que fiz e que tem novos desafios, uma nova proposta, um ritmo mais acelerado, como tudo no mundo”, aponta.
Na novela de Walcyr Carrasco e Mauro Wilson, Candinho retorna como o mesmo homem ingênuo, simples, caipira, cheio de positividade e amor pela vida. Não mudou com o dinheiro herdado da mãe. Sofre com o desaparecimento do filho Junior, papel de Davi Malizia, após a morte de Filomena. Apesar dos desencontros, perdas e angústia, continua acreditando que “tudo de ruim que acontece na vida é pra meiorá!”. “Essa frase foi criada pelo Voltaire há quase 300 anos e está muito atual. É uma novela que atinge da avó ao netinho”, valoriza.
Em “Êta Mundo Melhor!”, você revive o personagem de Candinho, que fez bastante sucesso em “Êta Mundo Bom!”. Você imaginava que esse personagem voltaria após tanto tempo?
Acho que sim. Eu só não imaginava que seria em uma novela. Tenho uma parceria boa de alguns trabalhos com o Walcyr e adoro o trabalho dele. Então, achava que algum dia o Walcyr me ligaria e avisaria que estava escrevendo uma peça ou um filme. Algo como o Candinho em Nova Iorque. Mas uma novela? Vivendo 10 meses dessa energia de novo? Isso não imaginava mesmo.
Inicialmente, você teve algum receio com a ideia de reviver o personagem?
Não. Eu adoro ler essa positividade novamente. Eu vivo cada personagem como se fosse o último. Reencontrar o Candinho foi como encontrar um primo querido. Adoro essa relação viva novamente, sabe? Encontrar todo dia no set e dar bom dia. Agora, imagino que se eu fosse refazer o Paulo (“Os Outros”) por 10 meses, eu provavelmente precisaria de mais terapia (risos).
Por quê?
Nesses quase 30 anos de profissão, eu estou sempre vivendo um personagem. É como se um portal de vida se abrisse. Me considero jovem e ainda pretendo ter outras responsabilidades. O Candinho é uma chance de afinar minha proximidade artística com o Walcyr e a Amora (Mautner, diretora). Eles sempre me colocam em várias fogueiras. Tenho muito orgulho de reviver essa história. geralmente, me chamam pelo personagem (nas ruas), né? Já me chamaram de Gael, Chiclete e Zé Paulino. Agora, aos poucos, voltaram a me chamar de Candinho. É motivo de alegria.
E como tem sido o trabalho de reconstrução do Candinho?
Interessante. Eu sinto saudades do Jorginho (Jorge Fernando, diretor morto em 2019). Ele construiu todo esse universo, personagem e história. Não tem como não lembrar dele. Sinto que esse universo ainda tinha muita lenha para queimar. Os personagens novos, por exemplo, estão surgindo a partir dessa história antiga. A Amora está aproveitando tudo de melhor da primeira saga do Candinho. Então, é uma delícia trabalhar nesse universo de “Êta”. O Candinho vem algumas mudanças, mas a essência não mudou.
De que forma?
Ele continua com a sua essência porque o bom homem não perde o caráter. Assim como eu, o Candinho envelheceu. Tem uma bagagem e está mais preparado. Acho que o grande diferencial é detectar esse envelhecimento do personagem. Muita água rolou por baixo dessa ponte. Ele perdeu a mãe. Isso gera um impacto enorme na vida de qualquer um.
Na trama, o Candinho está em busca do filho perdido. A paternidade é um assunto que ronda sua cabeça na vida real?
Sim, eu penso desde pequeno em ser pai. Por enquanto, sou pai de pet. Tenho cachorro, gato, galo... Eu sempre procuro viver bastante os personagens e seus enredos.
Como assim?
Em “Os Outros”, o personagem sofria porque não podia ter filho. Tinha um passado difícil. Se culpava muito. Sofri com ele. No caso do Candinho, tiraram o filho dele. Ele vai usar sua força interior para seguir com a vida. É uma novela bem lúdica. Na série “Os Outros”, a gente lidava mais com hiper-realismo

