Trajetória de um livreiro icônico: Tarcísio Pereira é celebrado em obra de Homero Fonseca
Livro "Tarcísio Pereira - Todos os Livros do Mundo", que traça biografia do fundador da Livro 7, será lançado nesta quarta (27) no Paço do Frevo
“Ele não era escritor nem poeta. Não pintava. Não esculpiu um boneco de barro. Não compôs uma sinfonia nem um frevo-canção. Jamais subiu num palco para interpretar Hamlet ou João Grilo. Não arquitetou nenhum belo prédio. Nunca na vida dançou um balé. Nem sequer concluiu os cursos de História e Jornalismo. E, no entanto, ninguém pode falar da história da cultura no Recife sem dizer o nome de Tarcísio Pereira”.
As aspas, transcritas do prólogo do livro “Tarcísio Pereira – Todos os Livros do Mundo” (Cepe), condensam o que foi um dos maiores entusiastas da cena literária e cultural em Pernambuco, o livreiro e fundador da emblemática Livro 7, Tarcísio Pereira, que aos 73 anos, em janeiro de 2021, foi vítima fatal da Covid-19.
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E é sobre ele que o escritor e jornalista Homero Fonseca explana na obra que ganha lançamento nesta quarta-feira (27), às 19h, no Paço do Frevo (Bairro do Recife). Dia escolhido não à toa, já que hoje faz também 52 anos que a livraria foi inaugurada no Recife.
Livro de Homero Fonseca será lançado nesta quarta-feira (27) no Paço do FrevoHistória de uma geração
“A trajetória de Tarcísio está tão imbricada com a Livro 7 que ele era apelidado de ‘Seu 7’ e não se podia separar seu CPF do CNPJ. O trabalho (do livro) começa bem antes, com a origem da família no Sertão do Seridó (RN). Isso porque o ambiente familiar, valores e crenças deles seriam fatores que moldariam a personalidade do futuro livreiro”, conta o autor, Homero Fonseca, em conversa com a Folha de Pernambuco.
As poucas mais de 300 páginas da obra, portanto, fazem também um passeio pela vida pessoal de Tarcísio, elo que condiz com toda uma geração.
Tarcísio Pereira junto à Geração de 65“Eu era amigo de Tarcísio, embora não dos mais íntimos. E éramos da mesma idade. Portanto, traçar a trajetória dele é fazer a biografia de toda uma geração, a famosa Geração 68 – a que se mobilizou por mudanças políticas ou comportamentais em todo o mundo, da França ao Paquistão, dos Estados Unidos ao Senegal e Japão. A Livro 7 só poderá ser entendida nesse contexto e por isso digo que foi uma obra coletiva sob a batuta carismática de Tarcísio Pereira”, conta Homero.
Para além da livraria
O livro, além da narrativa peculiar sobre o homem que se vestia de azul da cabeça aos pés, é farto também em imagens, as mais diversas e íntimas, que inclui, por exemplo, passagens de Tarcísio com a família e com João, o seu cachorro, um lulu da Pomerânia que lhe era de estimação.
“Antes de saber o antes e o depois da Livro 7 é fundamental saber dele (...) Porque, embora o livro não seja a história da livraria, ela é absolutamente entrelaçada à trajetória do seu fundador. Foi sua maior obra”, enaltece o autor, que passou pouco mais de um ano envolto no trabalho de pesquisa e escrita.
Trajetória saudosista
“Tarcísio Pereira – Todos os Livros do Mundo” percorre, portanto, de curiosidades da vida ainda de menino, de Tarcísio, até a falência da livraria em decorrência da situação econômica do País nos anos de 1990, além da posterior volta por cima dada pelo livreiro – que manteve o espaço aberto até 2000.

Fundada em 27 de julho de 1970, números que perfazem uma combinação para culminar no numeral 7, trazendo à tona um Tarcísio Pereira supersticioso, a Livro 7 surgiu para o Recife no número 286 da rua Sete de Setembro (Boa Vista), em plena Ditadura Militar e, por óbvio, tornou-se um ambiente agraciado por movimentos estudantis, intelectuais, políticos e por personalidades dos mais diversos meios, que faziam do espaço um ponto de encontro do recifense, vale ressaltar, dos mais saudosos.
Serviço
Lançamento do livro “Tarcísio Pereira - Todos os Livros do mundo”, de Homero Fonseca
Nesta quarta-feira (27), às 19h, no Paço do Frevo (Rua da Guia, s/n, Bairro do Recife)
Acesso gratuito
Valor do livro impresso: R$ 45 e e-book R$ 18

