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CACÁ DIEGUES

Um dos fundadores do Cinema Novo, Cacá Diegues dirigiu 17 filmes ao longo da carreira; saiba quais

Diretor, produtor e roteirista faleceu hoje (14), aos 84 anos, no Rio de Janeiro

Cacá Diegues, cineasta Cacá Diegues, cineasta  - Foto: Alberto Pizzoli/AFP

Hoje (14), o Brasil acordou com o luto da morte de um dos nomes mais relevantes do audiovisual nacional: aos 84 anos, o cineasta, produtor e roteirista Cacá Diegues faleceu aos 84 anos, no Rio de Janeiro, devido a complicações cardiovasculares após uma cirgurgia. 

Diegues é nome essencial para se compreender um dos mais importantes movimentos cinematográficos do País.

Junto a Glauber Rocha, Leon Hirszman e Paulo Cesar Saraceni, fundou o Cinema Novo, entre as décadas de 1960 e 1970, incorporando crítica às desigualdades sociais e retratando personagens do cotidiano.

Inspirado pelo neorrealismo italiano e pela Nouvelle Vague francesa, o Cinema Novo também foi marcado por fazer filmes fora dos estúdios conhecidos. "Queríamos simplesmente mudar o cinema, o Brasil e o mundo", disse Diegues ao jornal Estadão, em 2020.

Legado
Ao longo de seis décadas de carreira, o cineasta dirigiu 17 longas-metragens, mas em 2019, Diegues chegou a declarar que não tinha mais motivação para fazer filmes depois da morte da sua filha Flora Diegues com a produtora Renata Almeida Magalhães (com quem era casado desde 1981), aos 34 anos, vítima de um câncer no cérebro.

Cacá Diegues deixou quatro filhos, dois deles com Nara Leão, e três netos.
 
Começo
Diegues nasceu em 19 de maio de 1940 em Maceió, Alagoas. Ao seis anos, se mudou para a capital carioca. Cursou Direito na PUC, mas se apaixonou por cinema e fez parte do movimento cineclubista no Rio de Janeiro. Virou amigo do cineasta David Neves, com quem iniciou sua carreira cinematográfica.

O seu primeiro longa, "Ganga Zumba" (1963), foi protagonizado pelos atores Antonio Pitanga e Léa Garcia. Para os especialistas, é considerado o primeiro filme brasileiro a ter protagonistas negros.

A chegada da ditadura militar e a repressão fizeram com que o diretor investisse em metáforas para protestar. Apesar da qualidade dos filmes, a prática não passou despercebida pelo governo autoritário.

Seu filme "Os Herdeiros" (1969) foi censurado. O longa contava a história de uma família brasileira produtora de café em 1930.

Paris
No mesmo ano, Diegues se radicou em Paris, França, ao lado da esposa na época, a cantora Nara Leão, retornando ao Brasil em 1971. É na década de 1970, todavia, que Cacá encontra seu período de maior sucesso. Com "Xica da Silva", "Chuvas de Verão" e "Bye Bye Brasil", o cineasta levou milhões de brasileiros ao cinema e concorreu ao Festival de Cannes.

Em 1996, lançou "Tieta do Agreste", uma adaptação da obra de Jorge Amado, um dos seus grandes sucessos. É em 2003, no entanto, que Diegues encontrou a segunda maior bilheteria de sua carreira - "Deus é Brasileiro" vendeu 1,6 milhão de ingressos. Em 2018, Diegues lançou o seu último filme em vida. "O Grande Circo Místico" chegou a ser exibido em Cannes e conta a história de diferentes gerações de uma mesma família circense.

Imortal
Em 2018, Diegues tomou posse da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, que já pertenceu a Castro Alves, Euclides da Cunha e Nelson Pereira dos Santos. Em seu discurso de posse, agradeceu à ABL e destacou a importância do Cinema Novo. "O Cinema Novo brasileiro não foi, senão, a chegada tardia do modernismo ao nosso cinema. Era preciso produzir um cinema para a nação, mas também inventar uma nação no cinema."

Homenagens
Nas redes sociais, artistas e produtores prestaram homenagem a Cacá. Lúcia Veríssimo, atriz e autora, escreveu sobre "Bye Bye Brasil": "Bye, Bye, Brasil foi um marco na minha paixão pelo cinema (...) Perde a cultura, perde o País e perdemos nós brasileiros", disse. Glória Perez e a escritora Rosana Hermann também comentaram.

"Que os deuses o recebam com as merecidas honras", disse Rosana. "Dia triste para o nosso cinema", lamentou a autora.

Os 17 filmes dirigidos por Cacá Diegues:

"Ganga Zumba"
"A Grande Cidade"
"Os Herdeiros"
"Quando o Carnaval Chegar"
"Joanna Francesa"
"Xica da Silva"
 "Chuvas de Verão"
"Bye Bye Brasil"
"Quilombo"
"Um Trem para as Estrelas"
"Dias Melhores Virão"
"Veja Esta Canção"
"Tieta do Agreste"
 "Orfeu"
"Deus é Brasileiro"
"O Maior Amor do Mundo"
"O Grande Circo Místico"
 

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