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"Vida" explora os temores sobre a presença alienígena

O fime entra em cartaz nesta quinta-feira (20).

Jake Gyllenhaal  intepreta o médico David no longa-metragem de ficção científicaJake Gyllenhaal intepreta o médico David no longa-metragem de ficção científica - Foto: Sony pictures/divulgação

 

Existe no gênero ficção científica uma sombra tênue de horror. Nas brechas de viagens no espaço e contatos imediatos há a possibilidade latente de encontros macabros, seres intergalácticos com aparências assustadoras e interesses destrutivos. Vem desse medo pelo desconhecido o desejo por filmes tão diferentes quanto “Independence Day” e “Sinais”, obras em que a presença alienígena provoca inquietação e terror. Estreia nesta quinta-feira (20) mais um filme que tenta combinar a ficção científica e os receios obscuros sobre o que há no espaço: “Vida”.

O filme, dirigido pelo pouco conhecido Daniel Espinosa, conta a história de astronautas que encontram vida em Marte. A notícia chega a Terra e há um senso de triunfo nos jornais, que celebram a descoberta. Enquanto faz experiências, Hugh (Ariyon Bakare) percebe o crescimento incrivelmente rápido dessa vida alienígena. Um acidente faz com que esse ser se liberte do laboratório. Mesmo miúdo, ele é capaz de retorcer de maneira extrema a mão de Hugh e transformar um rato na jaula ao lado em uma bolinha de sangue. 

Todos os astronautas na nave têm cargos específicos - Rory (Ryan Reynolds) é o engenheiro, Miranda (Rebecca Ferguson) e David (Jake Gyllenhaal) são médicos, Kat (Olga Dihovichnaya) é responsável pela segurança -, mas a certa altura eles mudam de função e se tornam apenas pessoas que correm assustadas e fecham portas freneticamente. Um elenco de estrelas que não faz muito além de repetir termos técnicos e criar planos que dão errado.

Há claras indicações para “Alien” (1979), uma história sobre um inimigo superior à espreita nos corredores de uma nave. O filme se torna mais interessante quando passa a impressão que todos trabalham em harmonia e conscientes de um direcionamento levemente tosco e sem grandes ambições. Em outros momentos, o longa parece se render a uma ideia ordinária de melodrama, em que monólogos e melodias intensas narram histórias pessoais falsamente profundas. Parece um descompasso entre vontade e resultado, talvez indecisão entre injetar sangue ou lágrimas em uma trama absurda de ficção científica. 

Nos melhores momentos, “Vida” é como um breve conto de horror, uma história com pouco mais de 90 minutos sobre cientistas e engenheiros que acham que podem dominar o que não conhecem e descobrem que estão tragicamente errados. Há sangue e mortes dolorosas, surpresas associadas ao extremo da ideia de vida alienígena nada pacífica que age apenas por sobrevivência e instinto. O fim perverso e irônico indica a preferência pelo horror e a possibilidade de novos capítulos.

 

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