[Vídeo] Fátima Freitas: uma vida dedicada ao palco e à dança
Bailarina, coreógrafa, diretora, produtora e dona da academia de dança que leva seu nome, Fátima Freitas celebra 45 anos de trajetória artística e 30 anos de seu espaço, localizado em Boa Viagem
Marcondes Lima, profissional tarimbado das artes cênicas em Pernambuco, a considera a sua fada madrinha e fez para ela o primeiro figurino de sua carreira. E o mesmo sentimento de carinho e gratidão é compartilhado por outros tantos bailarinos, coreógrafos, atores e pessoas ligadas ao segmento cultural no Estado, em relação à Fátima Freitas, bailarina, coreógrafa, diretora, produtora e proprietária da academia de dança e artes que leva seu nome, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Em 2018, a Academia Fátima Freitas comemora seus 30 anos de atividades, com uma série de eventos iniciados desde o Carnaval, no dia 2 de fevereiro, Dia de Yemanjá, e que terão sua culminância no dia 16 de dezembro, no Teatro Guararapes, com a montagem do balé “Don Quixote”. Este é também o ano em que Fátima Freitas celebra 45 anos no palco.
Nascida em Juazeiro da Bahia, Fátima passou parte da infância em Parnamirim (PE), perto de Salgueiro, antes de vir morar no Recife, aos 8 anos. Mas somente aos 16 daria suas primeiras aulas de balé clássico, para uma turma de crianças (baby class), quando sua principal mestra na dança, Mônica Japiassú, entrou em licença-maternidade da filha caçula.
Com Mônica, sua amiga para a vida inteira, manteve uma parceria em que chegaram a ser sócias em um academia. “Cheguei a fazer ginástica solo, no Geraldão, mas me machuquei e provavelmente não seria a minha grande paixão”, garante Fatinha, apelido pelo qual se referem a ela as pessoas mais próximas e a filha, Thereza Rachel Freitas, que há anos é uma das professoras da academia, ao lado da mãe.
Leia também:
Mimo Festival: Para ouvir, dançar e fazer pensar
Festival Luz Negra quer dar visibilidade aos artistas negros no teatro
Festival Recife do Teatro Nacional chega à sua 18ª edição
O filho João Paulo Gomes, que ela ainda carregava no ventre quando encenou “Morte e Vida Severina”, em 1980, com direção de Mônica Japiassú, a partir da obra de João Cabral de Melo Neto, ajuda de outras maneiras, pois seguiu o caminho da comunicação e mantém uma empresa de mídia, faz a divulgação dos espetáculos, os programas/ folders.
Outros profissionais que Fátima cita como relevantes em sua trajetória estão Rubem Rocha Filho e Ulisses Dornelas (Palhaço Chocolate). Além de intercâmbios com bailarinos e grandes companhias, como Ana Botafogo, Cecília Kerche e o Ballet de Theatro Municipal do Rio de Janeiro. E foram muitos os nomes dos talentos que ajudou a lapidar, com bailarinos como Luanna Gondim, hoje na Rússia; Alex Kaden (em Viena); Victor Kaden (em Berlim); Lara Gondim (no Bolshoi de Joinville) . Além de Flaira Ferro, Dayvison Albuquerque, Jefferson Nascimento.
Na Academia Fátima Freitas, as aulas ocorrem em duas salas grandes, e também numa sala menor, multifuncional, que serve para artes plásticas e alongamento. “Tenho alunos dos 3 aos 63”, conta Fatinha, citando as participantes da turma de balé iniciante avançado. Entre os professores que estão há mais tempo na academia está Isabel Ferreira, além de Thereza Rachel.
Troféus
A academia brilhou no Festival de Joinville, em Santa Catarina, um dos mais tradicionais do Brasil. Foram tetracampeões de 2000 a 2003 e foram mais quatro anos seguidos como convidados. “Também levamos dois prêmios no Passo de Arte, em Santos (SP)”, pontua.
No calendário de 2018, além do cortejo recordando os antigos carnavais, Fátima Freitas e sua companhia vivenciaram momentos como a “Noite de Gala”, no Teatro Luiz Mendonça (Dona Lindu), com o espetáculo “Floresta Amazônica”, de Villa-Lobos, em maio; na 13ª Mostra de Dança, em junho, com “Casa de Brinquedos” (infantil) e “Noite MPB” (juvenil/adulto); a ópera “Carmen”, com a Sinfonieta da UFPE, no Santa Isabel; e o clássico “O Quebra-Nozes”, no Teatro do RioMar, dentro da agenda de Natal do shopping, no último dia 16.
“O que me marcou realmente foram a garra, a disciplina e a perseverança, ser constante nos projetos e acreditar neles, além de estar cercada de bons profissionais e de ter tido muita sorte”, avalia. "O amor à arte é o que me mantém viva, além, é claro, dos filhos e netas apaixonantes", assegura. A dança e o teatro agradecem pela dedicação!

