Vitória de "Ainda estou aqui" repercute na mídia internacional: "Um momento histórico para o Brasil"
O longa dirigido por Walter Salles retrata a luta de Eunice Paiva durante a ditadura militar e marca a primeira vitória do Brasil na categoria
A consagração de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 como Melhor Filme Internacional gerou forte repercussão na imprensa estrangeira, com jornais e críticos destacando o feito inédito do cinema brasileiro. O longa de Walter Salles, que narra a luta de Eunice Paiva para encontrar respostas sobre o desaparecimento do marido durante a ditadura militar, tornou-se o primeiro filme do Brasil a vencer a categoria, um marco que não passou despercebido pela mídia internacional.
"Um momento histórico para o Brasil no Oscar," publicou o The Guardian, ressaltando que a produção superou o favorito Emilia Pérez, da França, e levou a estatueta em uma noite repleta de expectativas. O jornal britânico também mencionou que o reconhecimento de Ainda Estou Aqui fortalece o espaço do cinema latino-americano na premiação, algo que só havia acontecido antes com Roma (2018) e Parasita (2019).
Leia também
• "Ainda Estou Aqui': Lula, Dilma e Alcolumbre parabenizam filme por prêmio no Oscar
• Leitura labial revela o que Demi Moore disse ao perder o Oscar de Melhor Atriz
• De prêmio histórico para o Brasil a discursos longos: Confira os pontos altos e baixos do Oscar 2025
A agência Reuters destacou o impacto da vitória para a indústria cinematográfica brasileira, classificando o filme como "um testemunho poderoso da resiliência de uma nação que ainda lida com as cicatrizes de seu passado." O New York Times enfatizou a mobilização popular em torno do longa e de sua protagonista, Fernanda Torres, cuja performance arrebatadora lhe rendeu uma indicação ao prêmio de Melhor Atriz. O jornal lembrou que, nas semanas que antecederam a cerimônia, a imagem de Torres virou tema de fantasias no Carnaval brasileiro, algo que simboliza o tamanho da comoção nacional. "É o auge da fama no Brasil: virar fantasia de Carnaval," brincou a atriz em entrevista recente.
Já a Variety descreveu o prêmio como "uma vitória emocionante e há muito aguardada pelo cinema brasileiro," lembrando que Walter Salles já havia sido indicado na mesma categoria em 1999 por Central do Brasil, mas perdeu para A Vida é Bela. O veículo norte-americano também chamou atenção para o simbolismo da noite, já que Fernanda Torres repetiu a trajetória da mãe, Fernanda Montenegro, a primeira brasileira indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Durante seu discurso de agradecimento, Salles dedicou a conquista a ambas: "Esse prêmio pertence a Eunice Paiva e às duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro."
O The Hollywood Reporter apontou que a presença de Ainda Estou Aqui entre os indicados a Melhor Filme – um feito raríssimo para produções não faladas em inglês – foi um reflexo do crescimento da influência do cinema brasileiro no cenário internacional. A revista também mencionou o impacto político do filme, que reacendeu debates sobre os crimes da ditadura militar e inspirou novos pedidos por justiça.
Com a vitória, Ainda Estou Aqui não apenas inscreve o Brasil na história do Oscar, mas reforça a relevância do país no cinema mundial. Como sintetizou o New York Times, "o mundo finalmente está ouvindo o que o Brasil tem a dizer."

