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Fenearte 2025

25º Fenearte projeta mais de R$ 108 mi em faturamento e reafirma título de "Feira das Feiras"

Entre organização, expositores e Governo do Estado, a expectativa é que a edição de 2025 supere todas as anteriores, tanto em público quanto em faturamento

Fenearte 25 anos Fenearte 25 anos  - Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco

O governo do Estado abriu ontem a 25ª Feira Nacional de Negócios de Artesanatos (Fenearte), que este ano contou com investimentos de R$ 18 milhões, sendo R$ 15 milhões de recursos estaduais e R$ 3 milhões desembolsados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco (Sebrae-PE). A expectativa dos organizadores é superar o faturamento do ano passado, que foi de R$ 108 milhões.

A edição de 2025 deu início à sua programação nesta quarta-feira (09) e vai até 20 de julho, no Centro de Convenções, no bairro de Salgadinho, em Olinda. O evento de abertura contou com a presença da governadora Raquel Lyra e representantes da Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (Adepe), além da diretora-executiva da feira e diretora de economia criativa da Adepe, Camila Bandeira. 

Durante os doze dias da maior feira de artesanato da América Latina, que conta com cinco mil participantes, entre expositores e artesãos, a organização espera mais de 320 mil pessoas passando pelos estandes no Centro de Convenções. Ao todo, são 700 pontos de comercialização representando 28 países fora o Brasil, além de participantes de 25 estados brasileiros.

Expectativa

Para a diretora-executiva da Fenearte, Camila Bandeira, a expectativa é que a “Feira das Feiras” — nome levado pela edição deste ano — faça jus ao tema e supere todos os números apresentados pela edição anterior. “Acredito fielmente que vamos ultrapassar os números do ano passado. A feira deste ano foi pensada para isso, para atrair mais público e gerar ainda mais negócios. A nossa meta é ultrapassar os R$ 108 milhões em impacto econômico, e temos confiança de que vamos conseguir”, destacou a diretora.

Segundo Camilla, o tema escolhido remete às tradicionais feiras livres de Pernambuco, que desempenham papel essencial na formação e desenvolvimento dos artesãos do estado. “É onde a maioria deles começa a produzir e vender seus produtos. É um reconhecimento à força cultural e econômica que essas feiras representam para o nosso estado.”

Diretora-executiva da Fenearte, Camila Bandeira. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco. 

Ela afirmou que a feira representa uma política pública consolidada, que cresce e se aprimora a cada ano. Para a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, não há dúvidas de que essa feira será maior do que todas as outras. “Este ano, a Feira das Feiras será ainda maior, entregando mais oportunidade para os nossos artesãos. A cada ano que a gente vem é uma emoção diferente e a feira se torna ainda maior. Sempre buscamos facilitar a experiência do consumidor, do visitante, ampliando o espaço de venda”, disse a gestora. 

A gestora destacou o crescimento contínuo do faturamento da Fenearte nos últimos três anos. Em 2023, a feira movimentou R$ 52 milhões, e em 2024 esse número mais que dobrou, alcançando R$ 108 milhões.

Para ela, a feira também é uma oportunidade de fomento que não se atem apenas ao período da programação, mas também para os próximos seis meses no rendimento dos artesãos. “A gente vai medir isso com pesquisas, mas eu tenho certeza que a gente vai conseguir fazer ainda mais do que foi movimentado na economia no ano passado”. 

Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco.

Artesãos

Entre os empreendedores presentes na 25º Fenearte, as projeções também são de bons números. Os artesãos, que muitos vem do interior do estado, esperam a feira durante todo o ano para alavancar seus negócios. Na Alameda dos Mestres, parte da feira onde se concentram grandes artesãos do interior do estado, esse é o espírito. 

O artesão Irinel José Barbosa, o Irinel do Mestre, como é conhecido, participa da feira desde a edição de 2008. À frente do empreendimento herdado pelos pais há 52 anos na cidade de Salgueiro, o artesão acredita na divulgação da feira para triplicar o faturamento em relação às vendas mensais do seu empreendimento.

Irenel do Mestre, artesão. Foto: Folha de Pernambuco. 

Com preços que variam de R$ 25 a R$ 300, o artesão conta com a ajuda da esposa e dos três filhos para dar conta da produção. Ele mantém uma loja no centro de Salgueiro e um ateliê na Fazenda Cacimbinha, a 18 km da cidade. Para o mestre, conhecer bem o público da Fenearte é uma das suas vantagens.

“Precisamos ser fiel a isso aqui, porque aqui é o céu do artesanato. A gente foi descobrindo aqui ao longo dessa década que a gente ficou aqui, quem é de fato público comprador e qual é o produto que o povo gosta mais e a gente vai investindo mais nisso”, afirmou o mestre. 

O artesão já tem uma clientela consolidada onde mora e uma trajetória marcada por contato com Luís Gonzaga, uma das figuras mais influentes da música popular brasileira do século XX, Irinel do Mestre se destaca na confecção de chapéus no estilo cangaçeiro, como os usados pelo cantor João Gomes, que também são produzidas pelas mãos do mestre. 

Tradição

Com raízes profundas no artesanato e na tradição quilombola, Maria de Lurdes da Silva, de 57 anos, mais conhecida como Mestra Lurdinha, participa há 24 anos da Fenearte, representando o quilombo Conceição das Crioulas, também em Salgueiro. Artesã desde a infância, ela conta que começou a produzir peças aos oito anos, influenciada pelos pais e familiares que também viviam da arte feita à mão. “Eu sou filha de artesão, filha de artesã, e várias pessoas da minha família também são”, conta. 

Mestre Lurdinha, artesã. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco. 

Ao longo dos anos, ela aprimorou técnicas e hoje produz bonecas de caruá e bordados, carregando a identidade de sua comunidade. Além da feira, Mestre Lurdinha mantém uma lojinha na própria comunidade e ainda vende suas peças de forma itinerante, carregando alguns itens na bolsa. 

Entre os destaques, estão as bonecas que homenageiam onze mulheres do quilombo, que são chamadas de "carro-chefe". Os preços das peças expostas variam de R$ 10, nas peças menores, até R$ 500, nos vestidos bordados. “É o que mais a gente vende. A gente vende muito as roupas bordadas à mão, que retratam a nossa história, da comunidade”.

Costura

Mesmo com muitos veteranos, os artesãos que chegaram recentemente nas edições da feira também esperam um bom destaque. Empreender foi a saída que Katia Andrade encontrou para driblar o desemprego na pandemia. Ex-funcionária CLT, ela precisou se reinventar após ser desligada do antigo emprego e decidiu transformar a habilidade com a costura. 

Katia Andrade, costureira. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco. 

Hoje, ela é uma das representantes da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata na Fenearte, onde participa pelo terceiro ano com sua marca de roupas estampadas com identidade regional. Nos últimos anos, ela afirma que teve um faturamento médio entre R$ 15 mil e R$ 20 mil nos 12 dias do evento. Para 2025, a expectativa é de crescer ainda mais. 

"Como eu trabalho com estamparia, eu me concentro muito na parte regional e na bandeira de Pernambuco, porque é sempre um estouro. A bandeira realmente é um ponto forte, e acaba que tem um potencial turístico muito bom, né?", afirmou, acreditando na sua aposta para este ano. 

Mesmo sem formação específica em design ou moda, ela destaca que o diferencial está no olhar criativo e na aposta no que representa o sentimento de pertencimento e orgulho regional. “O turista valoriza o que é nosso, e isso faz toda a diferença.”

Cultura

A cultura local, por mais que muito forte, não é a única presente nos estandes da Fenearte. Com outros países que também já participam da feita já há algumas edições, também é possível fazer uma imersão em outras culturas através das visitas aos stands de países como Índia, Turquia, Portugal e outros. 

Perfumes turcos à venda na 25º Fenearte. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco.

O comerciante Muhammed Pala, da Turquia, participa da feira pelo quinto ano e chega à edição de 2025 com uma novidade: perfumes vindos diretamente do seu país de origem. Ele, que vive atualmente no Brasil mas mantém laços com o país, aposta nas essências puras e orgânicas como o carro-chefe do estande.

“A expectativa este ano está maior do que nas edições passadas. A gente veio com esperança e com produto novo, que é o perfume turco, algo que ainda não tínhamos trazido antes”, explica. Segundo ele, a recepção do público pernambucano tem sido constante ao longo dos anos. “Sempre me acolheram muito bem. O povo daqui gosta muito do nosso produto.”

Com fé no potencial de vendas, Mohamed espera alcançar um faturamento entre R$ 70 mil e R$ 80 mil nos 12 dias de feira. “A gente veio preparado para que seja um ano mais forte”, afirmou.

Muhammed Pala, 35 anos, comerciante turco. Foto: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco. 

 

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