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Alckmin diz que ideia do governo é não pedir mais prazo para tarifaço de Trump

Vice-presidente lidera encontro com representantes da cadeia produtiva; Executivo quer reforçar diálogo com os EUA e evitar perdas para exportações brasileiras

Presidente da República em Exercício, Geraldo AlckminPresidente da República em Exercício, Geraldo Alckmin - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O governo federal reuniu nesta terça-feira representantes do agronegócio brasileiro para discutir os impactos das tarifas de 50% anunciadas pelo governo de Donald Trump sobre produtos exportados pelo Brasil. A reunião, liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, integra a estratégia de construção de uma resposta conjunta entre Executivo e setor privado.

Alckmin disse que a ideia do governo é não pedir mais prazo para o início da taxação, prevista para agosto, como é um pedido dos empresários.

Houve uma colocação aqui que o Brasil é exíguo, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver e avançar nos próximos dias disse o vice-presidente.

Ele reiterou que a taxação afeta os americanos.

Isso tem um prejuízo não só para o Brasil, mas também para a população americana afirmou.

Após a conversa, Roberto Perosa, presdiente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), disse que os frigoríficos já estão parando as vendas para os EUA.

Nossos frigoríficos já estão parando de produzir carne destinada aos Estados Unidos, haja vista a incerteza. Com essa taxação se torna inviável a exportação de carne boniva aos Estados Unidos, que é o nosso segundo maior comprador. Nós temos cerca de 30 mil toneladas produzidas, no porto ou nas águas, que é preocupação nossa de como isso se dará a partir de agosto. É em torno de US$ 170 milhões. É uma preocupação adicional em uma cadeia que gera 7 milhões de empregos no Brasil disse.

Perosa disse afirmou que apoia as negociações do governo federal e pediu o adiamento da taxa. O Brasil exporta para os EUA principalmente o que é usado como matéria-prima, como para fazer hambúrguer.

Além de Alckmin, participaram do encontro: Carlos Fávaro (Agricultura), Rui Costa (Casa Civil), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André de Paula (Pesca e Aquicultura), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores, como ministra substituta), além de secretários executivos, diplomatas e técnicos do Itamaraty.

Pelo setor privado, o encontro contou com representantes de grandes empresas e associações de exportadores, como grupo VIVA, LDC Juices, ABIC, ABIEC, Abrafrutas, ABIPESCA, JBS, CNC, CECAFÉ, MINERVA, BRF/Marfrig, CITRUS BR, Conselho Administrativo da Sucos BR e Fiergs.

O setor produtivo alertou para possíveis perdas caso a taxação entre em vigor nos termos anunciados. Exportadores temem cancelamento de contratos e retração da competitividade brasileira no mercado americano, um dos principais destinos dos produtos do agro nacional.

Diálogo com os EUA e possível retaliação
Segundo Alckmin, o governo trabalha para reverter a medida e deve buscar o diálogo com empresários e entidades americanas, além de explorar alternativas diplomáticas. A Lei da Reciprocidade Econômica, que permite impor tarifas equivalentes a produtos dos EUA, está sendo avaliada, mas o Planalto reforça que essa será uma última alternativa.

Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a criação de um comitê com empresários para acompanhar o caso e colaborar na construção de alternativas. A ideia é demonstrar o esforço coletivo e o compromisso com o comércio internacional justo.

Reação coordenada
A reunião com o agro foi a segunda do dia com o setor produtivo. Pela manhã, Alckmin já havia recebido representantes da indústria, que defenderam uma trégua de 90 dias para buscar solução diplomática com os EUA.

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