Alckmin diz que ideia do governo é não pedir mais prazo para tarifaço de Trump
Vice-presidente lidera encontro com representantes da cadeia produtiva; Executivo quer reforçar diálogo com os EUA e evitar perdas para exportações brasileiras
O governo federal reuniu nesta terça-feira representantes do agronegócio brasileiro para discutir os impactos das tarifas de 50% anunciadas pelo governo de Donald Trump sobre produtos exportados pelo Brasil. A reunião, liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, integra a estratégia de construção de uma resposta conjunta entre Executivo e setor privado.
Alckmin disse que a ideia do governo é não pedir mais prazo para o início da taxação, prevista para agosto, como é um pedido dos empresários.
Houve uma colocação aqui que o Brasil é exíguo, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver e avançar nos próximos dias disse o vice-presidente.
Ele reiterou que a taxação afeta os americanos.
Isso tem um prejuízo não só para o Brasil, mas também para a população americana afirmou.
Após a conversa, Roberto Perosa, presdiente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), disse que os frigoríficos já estão parando as vendas para os EUA.
Leia também
• Tarifaço de 50% de Trump terá impacto semelhante ao da Covid para a Embraer, diz CEO
• Saiba o que os empresários cobraram do governo na reunião sobre o tarifaço de 50% de Trump
• Mourão cita "injustiça" com Bolsonaro, mas critica Trump após tarifaço: "Não venham meter o bedelho"
Nossos frigoríficos já estão parando de produzir carne destinada aos Estados Unidos, haja vista a incerteza. Com essa taxação se torna inviável a exportação de carne boniva aos Estados Unidos, que é o nosso segundo maior comprador. Nós temos cerca de 30 mil toneladas produzidas, no porto ou nas águas, que é preocupação nossa de como isso se dará a partir de agosto. É em torno de US$ 170 milhões. É uma preocupação adicional em uma cadeia que gera 7 milhões de empregos no Brasil disse.
Perosa disse afirmou que apoia as negociações do governo federal e pediu o adiamento da taxa. O Brasil exporta para os EUA principalmente o que é usado como matéria-prima, como para fazer hambúrguer.
Além de Alckmin, participaram do encontro: Carlos Fávaro (Agricultura), Rui Costa (Casa Civil), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André de Paula (Pesca e Aquicultura), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores, como ministra substituta), além de secretários executivos, diplomatas e técnicos do Itamaraty.
Pelo setor privado, o encontro contou com representantes de grandes empresas e associações de exportadores, como grupo VIVA, LDC Juices, ABIC, ABIEC, Abrafrutas, ABIPESCA, JBS, CNC, CECAFÉ, MINERVA, BRF/Marfrig, CITRUS BR, Conselho Administrativo da Sucos BR e Fiergs.
O setor produtivo alertou para possíveis perdas caso a taxação entre em vigor nos termos anunciados. Exportadores temem cancelamento de contratos e retração da competitividade brasileira no mercado americano, um dos principais destinos dos produtos do agro nacional.
Diálogo com os EUA e possível retaliação
Segundo Alckmin, o governo trabalha para reverter a medida e deve buscar o diálogo com empresários e entidades americanas, além de explorar alternativas diplomáticas. A Lei da Reciprocidade Econômica, que permite impor tarifas equivalentes a produtos dos EUA, está sendo avaliada, mas o Planalto reforça que essa será uma última alternativa.
Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a criação de um comitê com empresários para acompanhar o caso e colaborar na construção de alternativas. A ideia é demonstrar o esforço coletivo e o compromisso com o comércio internacional justo.
Reação coordenada
A reunião com o agro foi a segunda do dia com o setor produtivo. Pela manhã, Alckmin já havia recebido representantes da indústria, que defenderam uma trégua de 90 dias para buscar solução diplomática com os EUA.

