Ame, carteira digital da Americanas, passará a cobrar tarifa dos clientes
Companhia informou que taxa será de R$ 2,99 por mês em contas sem transações. Cobrança começa em 5 de julho
O Ame Digital, carteira digital da Americanas, vai passar a cobrar uma taxa de manutenção. Em e-mail enviado aos clientes, a fintech anuncia que contas sem transações há 90 dias dias serão taxadas em R$ 2,99 mensais se tiverem saldo de cashback, que é o valor devolvido ao consumidor numa compra.
Até agora, a conta digital da Ame era gratuita, e a cobrança ajuda a Americanas a reforçar seu caixa, dizem especialistas. A empresa enfrenta um processo de recuperação judicial desde que, em janeiro, revelou um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões. O plano proposto pela empresa foi rejeitado pelos credores na semana passada.
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De acordo com o comunicado, a Ame passará a cobrar uma "Tarifa por Manutenção de Saldo de Cashback Inativo". O texto diz que o valor será cobrado mensalmente a partir do 91º dia em que o usuário ficar sem executar nenhuma transação aprovada na plataforma.
O cliente cadastrado pode fazer compras com cartão de crédito bandeira Ame, carnê digital, pagamento com cashback, boletos e pix, além de permitir transferências de recursos entre usuários da conta.
Segundo a fintech, a quantia será debitada do saldo de cashback disponível. Se não houver saldo suficiente para a cobrança da tarifa na totalidade, só será debitado o valor de cashback que estiver disponível, ainda que insuficiente para cobrir os R$ 2,99. O cliente não ficará com saldo negativo.
O saldo originado de um depósito ou transferência para a conta Ame, por exemplo, não se encaixa na cobrança dessa taxa. Portanto, informou a subsidiária da Americanas, o cliente nunca ficará negativado por causa dessa cobrança.
Ainda segundo o texto, após a primeira cobrança, a tarifa de R$ 2,99 passará a ser mensal e consecutiva até que o usuário faça uma transação aprovada na Ame Digital, para que o débito seja interrompido. A cobrança da nova tarifa entrará em vigor no dia 5 de julho de 2023.
Em recuperação judicial, com uma dívida que beira os R$ 50 bilhões, a Americanas vem ampliando os esforços para reforçar seu caixa. A cobrança de tarifas na Ame é uma alternativa, diz Bruno Diniz, da consultoria de inovação Spiralem, especializada em sistema financeiro. Ele observa que manter a infraestrutura da fintech tem custos.
— Quando a Americanas não estava em recuperação judicial, esse custo era bancado pela empresa. Agora, com a situação econômica ruim, a cobrança alivia o custo de manter essa plataforma — diz Diniz.
Outra alternativa para a Americanas obter recursos é vender ativos. A própria Ame já foi apontada por especialistas como um ativo que pode ser oferecido ao mercado, lembra Diniz.
A Americanas já sinalizou à Comissão de Valores Mobiliárias (CVM), órgão fiscalizador do mercado de capitais, que já recebeu propostas pela fintech, mas ainda não tomou a decisão de venda.