BC avalia período de testes para novo modelo de financiamento da casa própria para 2026
Ideia do Banco Central é alterar a lógica do direcionamento dos recursos da poupança para o crédito imobiliário
O Banco Central avalia a possibilidade de adotar um período de testes antes de alterar definitivamente o modelo de financiamento imobiliário com recursos da poupança, previsto para começar no próximo ano. A sinalização foi dada em reunião das associações do setor da construção civil com o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e com o diretor de Regulação, Gilneu Vivan, nesta terça-feira.
A ideia do BC é alterar a lógica do direcionamento dos recursos da poupança para o crédito imobiliário. A cada real de financiamento habitacional concedido, o banco destravaria o acesso ao mesmo volume de recursos da poupança para usar livremente por um período de 5 anos. Passado esse período, teria de conceder novo crédito para renovar a permissão para uso livre.
Atualmente, 65% dos recursos captados pela caderneta são direcionados obrigatoriamente para crédito imobiliário, 20% ficam retidos no BC como depósito compulsório e os 15% restantes podem ser aplicados livremente pelos bancos.
Os representantes da construção estão preocupados, contudo, com os efeitos da mudança, considerada complexa, para a disponibilidade de recursos para os projetos imobiliários.
Diante disso, propõem um período de testes usando 5 pontos percentuais dos recursos que ficam retidos no BC a partir de janeiro de 2026. Essa parcela obedeceria a nova lógica de direcionamento, enquanto o restante obedeceria o modelo atual.
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Estiveram na reunião representantes da Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic), Associação de Incorporadoras (Abrainc) e do Sindicato da Habitaçao de São Paulo (Secovi-SP).
Segundo Ely Wertheim, o presidente executivo do Secovi-SP, as mudanças no sistema habitacional com recursos da poupança representam uma modernização do direcionamento dos recursos para o crédito imobiliário e vão entrar em funcionamento em fase de experiência, em 2026 e 2027, para eventuais ajustes.
— A expectativa é que haja mais recursos para crédito imobiliário com custo menor, mas sem cavalo de pau. Os efeitos da liberação dos compulsórios serão monitorados pelo BC e pelo setor — disse o executivo.
Ele explicou que os bancos que acessarem os recursos a serem liberados serão obrigados a destinarem a verba para financiamentos habitacionais. Isso será uma condição, destacou.
O Ministério das Cidades quer que os sejam limitados a 12% ao ano mais a Taxa Referencial (TR) e que a linha financie imóveis de até R$ 1,5 milhão — mesmas condições do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
Simulações dos técnicos do governo envolvidos nas discussões apontam que a exigibilidade de aplicação dos bancos em crédito imobiliário poderia passar de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em dois anos, com a mudança. A avaliação do BC é de que a transição seria suave, sendo concluída em um período de 10 anos.
Wertheim ainda disse que 80% do montante liberado teria que ser destinado para financiamento de imóvel residencial, novos e usados e os 20% restantes ficariam para unidades comerciais.
O presidente da CBIC, Renato de Sousa Correia, afirmou que o BC indicou que poderia fazer um período de testes em 2026, mas não deu mais detalhes de como funcionaria.
— Em 2027, o BC teria dados suficientes para avaliar o processo e seguir no novo modelo em indistintamente.
No encontro, Correia ainda disse que foi discutida a possibilidade de corrigir, por algum índice inflacionário, o valor máximo do imóvel elegível ao financiamento no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que hoje é de R$ 1,5 bilhão, valor considerado hoje defasado.

