Seg, 15 de Dezembro

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Conselho dos Correios dá aval a empréstimo de R$20 bilhões oferecido por grupo de bancos

Financiamento depende do aval do Tesouro Nacional

Sede dos Correios Sede dos Correios  - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O conselho de administração dos Correios aprovou em reunião neste sábado a contratação de um empréstimo de R$ 20 bilhões, após analisar as propostas apresentadas por bancos e o quadro financeiro da estatal. O colegiado acolheu argumentos da nova gestão da estatal de que a operação é necessária para garantir liquidez no curto prazo, regularizar pagamentos pendentes e viabilizar o início da reestruturação. Para ser efetivada, a contratação deve ter aval do Tesouro Nacional, já que o empréstimo terá a garantia da União junto aos bancos.

A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada ao GLOBO por interlocutores da empresa. Em nota, os Correios informaram que as informações detalhadas sobre a operação de crédito serão divulgadas oficialmente apenas após a avaliação e liberação pelos órgãos supervisores da negociação.

O financiamento aprovado foi apresentado por um sindicato formado por Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. A operação tem como garantia o Tesouro Nacional, que assume o compromisso em caso de inadimplência.

A taxa de juros proposta dessa vez ficou levemente abaixo da oferta inicial — de 136% do CDI —, mas ainda próxima desse patamar. No entanto, os bancos flexibilizaram exigências adicionais consideradas atípicas para operações com garantia soberana, como lucro mínimo e recebíveis futuros.

O Comitê de Garantias do Tesouro usa 120% do CDI como referência para operações elegíveis à garantia da União. O percentual não é obrigatório, mas funciona como parâmetro para evitar custos elevados. A diretoria tentava se aproximar desse teto, motivo pelo qual ampliou o número de instituições consultadas antes de submeter o tema ao conselho.

Tentativa de reduzir o custo não avançou

Como revelou O GLOBO, os Correios receberam uma segunda oferta, mas o custo voltou praticamente igual ao da proposta inicial. BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil reafirmaram interesse em seguir com a operação, mas sem reduzir a taxa. A estatal havia indicado que pretendia captar até R$ 20 bilhões, com juro máximo de 120% do CDI, mas não houve avanço nas conversas.

Diante desse quadro, o conselho deliberou pela aprovação do pacote final apresentado pelo grupo de cinco bancos.

A análise do conselho ocorreu após a divulgação do balanço do terceiro trimestre, que mostrou prejuízo acumulado de R$ 6 bilhões em 2025, ante R$ 2,1 bilhões no mesmo período de 2024. Entre julho e setembro, o déficit somou R$ 1,69 bilhão.

Em documento interno, a estatal relata queda de receitas, alta de despesas operacionais, maior pressão de passivos judiciais e trabalhistas e custos associados à inflação acumulada e reajustes salariais. O fluxo de caixa está negativo em cerca de R$ 750 milhões mensais. Projeções internas indicam que, sem mudanças estruturais, o déficit poderia chegar a R$ 10 bilhões em 2025 e R$ 23 bilhões em 2026.

Esses números embasaram a decisão do conselho de autorizar a contratação do crédito.

Ao assumir o comando da estatal em setembro, o presidente Emmanoel Rondon afirmou que o financiamento de R$ 20 bilhões seria necessário para estabilizar a operação, retomar pagamentos, recompor o caixa e implementar o plano de reestruturação. Segundo comunicado interno, a partir de 2026 a empresa pretende adotar ações de redução de despesas, modernização de sistemas, reorganização de unidades com baixa eficiência, automação logística e revisão do passivo do Postal Saúde

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