EUA terá a maior tarifa média desde 1910 se Trump cumprir ameaças
Apesar dos blefes e bravatas do presidente americano, taxas parecem ter vindo para ficar
Se o presidente Donald Trump cumprir a ameaça de impor novas tarifas comerciais a partir de 1º de agosto, os Estados Unidos terão a maior tarifa média de importação desde 1910, superando até mesmo os níveis das tarifas Smoot-Hawley, que agravaram a Grande Depressão.
Desde que assumiu o cargo, Trump elevou a tarifa média efetiva de 2,5% para 16,6%, segundo o Laboratório de Orçamento de Yale. Se os novos aumentos prometidos entrarem em vigor, essa média saltará para 20,6%, um patamar inédito em mais de um século.
Neste domingo, o presidente americano reafirmou que tarifas "extremamente fortes" começarão em cerca de um mês, com as taxas nos níveis atuais já gerando "muito dinheiro".
—Temos tarifas entrando em níveis que nunca vimos antes, e elas apenas começaram — afirmou ele a repórteres na Base Aérea de Andrews, em Maryland, na noite de domingo.
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Na última semana, Trump ameaçou 25 parceiros comerciais com tarifas punitivas a partir de 1º de agosto, a menos que firmem acordos comerciais que ele considere aceitáveis. A lista de países sobre os quais ele planeja elevar tarifas inclui algumas das maiores fontes de importações dos EUA, como União Europeia, Japão, México, Brasil, Coreia do Sul e Tailândia.
Esses países estavam em negociações ativas com os Estados Unidos para tentar resolver as preocupações de Trump e evitar as tarifas. No entanto, até agora, poucos acordos foram firmados. Mesmo os tratados com o Reino Unido e o Vietnã mantêm tarifas elevadas, entre 10% e 25%.
Autodeclarado “homem das tarifas”, Trump tem exaltado repetidamente as virtudes de taxar fortemente as importações como forma de gerar receita e pressionar fábricas a se instalarem nos Estados Unidos. Embora o presidente possa acabar cedendo em algumas de suas ameaças mais recentes, ele já elevou de forma constante e significativa as tarifas a níveis não vistos em um século.
O governo Trump vem usando as tarifas não apenas como ferramenta de negociação, mas como pilar central de sua política econômica, demonstrando preferência por barreiras comerciais permanentes em vez de acordos que ampliem o comércio.
Assessores indicam que as tarifas são reais e iminentes caso os países não aceitem os termos propostos por Trump. E embora haja questionamentos legais nos tribunais sobre a autoridade presidencial para impor essas medidas, o governo já estuda outros caminhos jurídicos para mantê-las.
A justificativa da Casa Branca é que tarifas elevadas protegem a indústria americana e reduzem a dependência de fornecedores estrangeiros — especialmente da China. No entanto, analistas alertam que os impactos econômicos mais profundos, como aumento de preços ao consumidor, ainda podem se manifestar nos próximos meses.

