Falta de disrupção reduz crescimento das empresas sul-americanas
Pesquisa da Kantar diz que menos de 10% dos negócios cresceram na região entre 2014 e 2017 por falta de ações disruptivas
Menos de 10% das marcas sul-americanas conseguiram crescer nos últimos três anos. E a crise econômica não foi a única culpada disso. Segundo a consultoria Kantar, a falta de disrupção também afetou substancialmente o faturamento dos negócios locais. Pois, apesar de ser primordial para a sobrevivência das empresas neste mundo digital, a inovação ainda é raridade neste mercado.
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“No atual período de crise, as empresas estão focando muito mais no curto prazo. Elas estão tentando se manter saudáveis financeiramente e sobreviver. Por isso, não estão focando na disrupção. No Brasil, por exemplo, quem cresceu não foi disruptivo, mas quem tomou atividades para facilitar o acesso do consumidor à marca mesmo durante a crise, seja através de preço ou praticidade”, afirmou a vice-presidente de atendimento da Kantar no Brasil, Silvia Quintanilha, que classifica a disrupção como algo muito maior que a inovação e diz que isso pode ser ainda mais importante que a redução de custos para a sobrevivência de um negócio.
“A disrupção é maior que uma diferenciação, pois entrega algo melhor, que facilita e muda a vida do consumidor. A Nokia, por exemplo, inovava ao criar novos aparelhos celulares. Mas a Apple foi disruptiva ao levar diversos aplicativos para dentro do celular e criar um novo conceito de uso do telefone, tornando-se significativa para a vida das pessoas. Foi por isso que a Nokia não se sustentou”, argumentou Silvia, alertando às empresas que a falta de disrupção pode tirar a sustentabilidade futura dos seus negócios, como aconteceu com a Nokia. “É mandatório se debruçar nesse mercado”, afirmou.
Ela reconheceu, porém, que não é tão simples ser disruptivo. Afinal, isso requer investimentos, tempo e uma mudança de pensamento empresarial. “A disrupção exige investimentos e não só de dinheiro, mas de tempo. Além disso, uma empresa disruptiva precisa olhar para frente e para os anseios do consumidor. Elas precisam pensar em como se diferenciar, agora e no futuro, seja dentro do seu negócio ou em um nicho no qual ainda não trabalha hoje. As marcas atuais, no entanto, normalmente só investem em mercados e ações tradicionais, às quais elas entendem e sabem que podem gerar dinheiro”, disse, garantindo que essa iniciativa também pode ser tomado pelas pequenas e médias empresas. Ainda segundo a pesquisa da Kantar, com apenas 1% de mudança no share de mercado, uma marca pouco inovadora já pode obter um crescimento significativo, mesmo que os seus produtos fiquem mais caros, pois os consumidores pagam 14% a mais pelas marcas que percebem que são diferentes.

