Frigoríficos estão interrompendo venda aos EUA por conta de tarifaço
Alckmin lidera encontro com representantes da cadeia produtiva; Executivo quer reforçar diálogo com os EUA e evitar perdas para exportações brasileiras
O governo federal reuniu nesta terça-feira representantes do agronegócio brasileiro para discutir os impactos das tarifas de 50% anunciadas pelo governo de Donald Trump sobre produtos exportados pelo Brasil.
A reunião, liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, integra a estratégia de construção de uma resposta conjunta entre Executivo e setor privado.
Após a conversa, Roberto Perosa, residente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), disse que os frigoríficos já estão parando as vendas para os EUA.
— Nossos frigoríficos já estão parando com a exportação, está se tornando inviável — disse.
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Além de Alckmin, participaram do encontro: Carlos Fávaro (Agricultura), Rui Costa (Casa Civil), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), André de Paula (Pesca e Aquicultura), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Maria Laura da Rocha (Relações Exteriores, como ministra substituta), além de secretários executivos, diplomatas e técnicos do Itamaraty.
Pelo setor privado, o encontro contou com representantes de grandes empresas e associações de exportadores, como grupo VIVA, LDC Juices, ABIC, ABIEC, Abrafrutas, ABIPESCA, JBS, CNC, CECAFÉ, MINERVA, BRF/Marfrig, CITRUS BR, Conselho Administrativo da Sucos BR e Fiergs.
O setor produtivo alertou para possíveis perdas caso a taxação entre em vigor nos termos anunciados. Exportadores temem cancelamento de contratos e retração da competitividade brasileira no mercado americano, um dos principais destinos dos produtos do agro nacional.
Diálogo com os EUA e possível retaliação
Segundo Alckmin, o governo trabalha para reverter a medida e deve buscar o diálogo com empresários e entidades americanas, além de explorar alternativas diplomáticas. A Lei da Reciprocidade Econômica, que permite impor tarifas equivalentes a produtos dos EUA, está sendo avaliada, mas o Planalto reforça que essa será uma última alternativa.
Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a criação de um comitê com empresários para acompanhar o caso e colaborar na construção de alternativas. A ideia é demonstrar o esforço coletivo e o compromisso com o comércio internacional justo.
Reação coordenada
A reunião com o agro foi a segunda do dia com o setor produtivo. Pela manhã, Alckmin já havia recebido representantes da indústria, que defenderam uma trégua de 90 dias para buscar solução diplomática com os EUA.

