Práticas de privacidade do Facebook são foco de disputa judicial de US$ 8 bi movida por acionistas
Investidores alegam que Zuckerberg, ex-diretores e membros do conselho descumpriram acordo firmado com a Comissão Federal de Comércio que obrigava a empresa a proteger dados dos usuários
Começa, nesta quarta-feira (16), em Wilmington, no estado de Delaware (EUA), o julgamento que coloca Mark Zuckerberg e outros líderes da Meta no centro de uma disputa de US$ 8 bilhões.
O processo foi movido por acionistas da empresa, incluindo fundos de pensão e investidores individuais, que pedem o ressarcimento de valores pagos pela gigante americana ao governo após o escândalo envolvendo a consultoria Cambridge Analytica, que teve acesso não autorizado a dados de milhões de usuários do Facebook em 2018.
Os investidores alegam que Zuckerberg, ex-diretores e membros do conselho descumpriram um acordo firmado com a Comissão Federal de Comércio (FTC) em 2012, que obrigava a empresa a proteger a privacidade dos usuários.
O descumprimento levou, entre outras sanções, a uma multa recorde de US$ 5 bilhões aplicada pela FTC em 2019. Com os custos legais, o reembolso exigido pelo acionistas chega a US$ 8 bilhões.
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De acordo com reportagem da Reuters, Jeffrey Zients, chefe de gabinete da Casa Branca no governo do presidente Joe Biden e diretor da Meta por dois anos a partir de maio de 2018, deverá ser uma das primeiras testemunhas a depor no julgamento sem júri, conduzido pela juíza-chefe Kathaleen McCormick, do Tribunal de Chancelaria de Delaware.
Além de Zientes, devem depor ao longo do julgamento o próprio Zuckerberg, a ex-diretora de operações Sheryl Sandberg, o investidor de capital de risco e membro do conselho Marc Andreessen, e os ex-membros do conselho Peter Thiel, cofundador da Palantir Technologie, e Reed Hastings, cofundador da Netflix.
A Reuters lembra que o processo teve início em 2018, após revelações de que dados de milhões de usuários do Facebook haviam sido acessados pela Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política agora extinta que trabalhou para a bem-sucedida campanha presidencial de Donald Trump em 2016.
A Meta não é ré no processo. Em seu site, a empresa afirmou ter investido bilhões de dólares na proteção da privacidade dos usuários desde 2019. Procurada pela reportagem, a controladora do Facebook, Instagram e Whatsapp recusou-se a comentar.

