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Meio ambiente

Presidente da AFCP critica criação de reserva em PE

Para Alexandre Andrade Lima, proposta do ICMBio de criação de reserva extrativista no Litoral Sul trará prejuízos sociais e econômicos a Tamandaré, Sirinhaém e Rio Formoso

Alexandre: "Acho que é catastrófico tanto para a produção de cana, atividade tradicional na região, como para o turismo"Alexandre: "Acho que é catastrófico tanto para a produção de cana, atividade tradicional na região, como para o turismo" - Foto: Divulgação

A proposta do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de criar a Reserva Extrativista (Resex) do Rio Formoso, no Litoral Sul de Pernambuco, tem gerado forte preocupação entre produtores rurais, prefeitos e empresários da região. A medida pode afetar diretamente a tradicional cultura canavieira e outras atividades econômicas de municípios como Tamandaré, Sirinhaém e Rio Formoso.

Para o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima, a criação da nova Resex trará prejuízos sociais e econômicos severos. “Acho que é catastrófico tanto para a produção de cana, atividade tradicional na região, como para o turismo. É uma grande preocupação do turismo, não do turismo dos grandes empreendimentos, não; é do turismo do cara que tem um barco lá, que ganha o seu dinheiro fazendo turismo”, afirmou.

Impacto
Segundo Alexandre, aproximadamente 7 mil hectares de canaviais podem ser impactados por restrições impostas com a criação nova da Resex. Atualmente, a área já é protegida por duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) estaduais e pelo Zoneamento Náutico (Zatan), que reconhecem atividades como a pesca artesanal. A AFCP teme que a nova unidade federal venha a estabelecer uma zona de amortecimento de até 10 quilômetros, o que ampliaria o impacto sobre as propriedades produtivas.

“Essa área de 10 quilômetros inviabiliza toda a produção dentro dessa área. Isso vai afetar nossos 745 fornecedores de cana, fora algumas usinas da região", disse. Ainda segundo Alexandre, a criação da reserva pode inviabilizar uma das mais sólidas usinas da região, que gera hoje de 4 a 5 mil empregos diretos. 

Investimentos
Caso a Resex seja criada, afirmou o presidente da AFCP, o conselho deliberativo da unidade terá poder de decisão sobre investimentos futuros na área, inclusive a instalação de hotéis e novos empreendimentos.

“Qualquer empreendedor agora que queira construir um hotel grande vai ter que passar pelo conselho da Resex. Essa situação vai dificultar o investimento na região. Eu tenho amigos que iam fazer estruturas de hotéis lá e deram um ré”.

Para Alexandre Lima, há também uma motivação política por trás da iniciativa. Segundo ele, o próprio presidente do ICMBio teria declarado que a criação de quatro novas Resex está sendo articulada para apresentação na COP30, como contrapartida do governo federal em negociações internacionais.

Após a realização de estudos técnicos e consulta pública, a proposta de criação da Reserva Extrativista do Rio Formoso foi encaminhada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e, em seguida, deverá seguir para análise da Casa Civil. Caberá ao órgão solicitar oficialmente um posicionamento da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, sobre o tema. Depois disso, a proposta pode ser sancionada ou vetada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

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