Seg, 15 de Dezembro

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Primeira tarefa em reação a Trump é falar com o setor privado, diz Alckmin

Presidente americano estabeleceu alíquota de 50% para produtos brasileiros que entram nos EUA a partir de agosto

Vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB)Vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB) - Foto: Ruy Baron

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, fala nesta segunda-feira sobre a estratégia do governo Lula para enfrentar as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos.

Segundo ele, a primeira tarefa será falar com o setor privado. Haverá uma reunião nesta terça-feira, pela manhã, com a indústria. Depois, à tarde, outra reunião com o agronegócio.

Em reunião neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu, na noite de domingo, a criação de um comitê com empresários para discutir saídas.

A decisão foi tomada em uma reunião no Palácio da Alvorada com ministros da área econômica, política e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O comitê será oficializado ainda nesta segunda-feira e, a partir de amanhã, começam as reuniões com os empresários.

O presidente avisou a seus auxiliares que pretende conversar pessoalmente com os empresários afetados pelo tarifaço para tratar do tema.

Durante o encontro, segundo presentes, Lula também pregou o diálogo como caminho para tentar reverter a taxação. A recomendação do presidente é que integrantes do governo procurem autoridades americanas para tratar do tema de forma técnica. A expectativa do Planalto é que o histórico de boa relação comercial entre os dois países possa ajudar a reverter a decisão.

A formação do comitê é uma aposta de Lula para demonstrar o esforço do país, envolvendo diferentes setores da sociedade na busca por soluções. A participação do setor empresarial na resposta reforça a estratégia do presidente de que o tarifaço não é um problema de governo, mas uma questão nacional.

Desde que Donald Trump anunciou a medida, Lula tem reiterado a necessidade de união e defesa da soberania brasileira.

Com a criação do comitê, que funcionará de forma consultiva, o governo pretende mostrar que está aberto a construir uma resposta conjunta e transformar a crise em ativo político e institucional.

Como mostrou a colunista do Globo Renata Agostini, o vice-presidente ficará encarregado de coordenar o diálogo com empresários para definir respostas do Brasil ao tarifaço de Donald Trump.

O governo ainda trabalha na lista de empresários que serão chamados para compor o grupo. A ideia, porém, é que todos os setores potencialmente afetados pelo tarifaço sejam convidados à mesa. Com isso, representantes do agronegócio, em especial produtores de carne, suco de laranja e café, e lideranças da indústria, com destaque para o segmento de tecnologia, devem ser chamados. A fabricante de aviões Embraer também deve compor o comitê.

O Planalto quer fazer um diagnóstico sobre o impacto para a economia brasileira e americana e levar à mesa com os Estados Unidos.

Reciprocidade
A reunião contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do titular da Agricultura, Carlos Fávaro; da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; do ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira; além de Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Itamaraty, e Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil.

A presença de representantes de áreas estratégicas do governo evidencia a preocupação com os impactos econômicos e políticos do movimento americano. Ao longo da última semana, o Planalto tem buscado reagir com cautela à medida.

A chamada Lei da Reciprocidade, que permitiria aplicar tarifas equivalentes sobre produtos americanos, deve ser considerada apenas se os esforços de negociação não forem adiante. A previsão é que o governo publique o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica nesta terça-feira.

Segundo interlocutores, Lula teria reforçado que, neste momento, o foco segue sendo a tentativa de reversão da medida a partir do diálogo com os Estados Unidos.

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