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Orçamento

Relator do projeto de diretrizes do Orçamento deve permitir que governo busque piso da meta em 2026

Se confirmada, previsão deve solucionar impasse no TCU

Votação no plenário foi interrompida no dia 22 de outubro por um pedido de vistas do ministro Jhonatan de JesusVotação no plenário foi interrompida no dia 22 de outubro por um pedido de vistas do ministro Jhonatan de Jesus - Foto: Arquivo/Agência Brasil

O relator do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), afirmou que o seu parecer deve permitir que o governo busque o piso da meta no ano que vem.

Se confirmada, a previsão deve representar uma solução para a discussão em curso no Tribunal de Contas da União (TCU) sobre se o governo deve considerar o piso ou o centro da meta para fins de contingenciamento do Orçamento.

No entendimento do ministro relator do caso no TCU, Benjamin Zymler, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é clara na necessidade de considerar o centro da meta. Zymler liberou o governo para perseguir o limite inferior em 2025 devido à proximidade do fim do ano, mas decidiu que deveria ser observado o centro da meta nos anos seguintes.

A votação no plenário foi interrompida no dia 22 de outubro por um pedido de vistas do ministro Jhonatan de Jesus e será retomada nesta quarta.

Caso o PLDO de 2026 seja aprovado com um comando claro para observar o piso da meta, o TCU deverá seguir o entendimento legal.

O Congresso já estabeleceu esse entendimento para 2025 em alteração na LDO deste ano realizada em outubro. A meta de 2026 é de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 34,3 bilhões, mas tem limite de tolerância até zero.

— Estamos tentando avançar na linha do piso da meta — disse Maia, em conversa com jornalistas.

A previsão inicial era a apresentação do relatório de Gervásio Maia e a votação do parecer na Comissão Mista de Orçamento nesta terça-feira. Mas ambos foram adiados para esta quarta-feira. O deputado tem uma reunião marcada com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, no fim da tarde desta terça-feira para tentar avançar em um acordo em temas caros para os parlamentares.

Um dos assuntos com maior discordância entre governo e Congresso é o calendário de votação de emendas. No seu parecer inicial, Maia determinou que 100% das verbas destinadas à saúde, à assistência social e às transferências especiais — as chamadas emendas Pix — sejam quitadas até junho do próximo ano. Há um encaminhamento para reduzir esse percentual a ser pago até o fim do primeiro semestre, que pode ficar entre 60% e 70%, segundo líderes a par do assunto.

— Está bem desenhado que terá (um calendário). Estamos construindo com o governo — se limitou a dizer o relator.

Maia ainda disse que não chegou nenhum pedido do governo sobre mudança na meta de estatais. Segundo interlocutores da equipe econômica, está sendo feita uma análise com lupa sobre a situação das empresas públicas para avaliar a necessidade de mudança da meta.

A votação do PLDO ocorre em meio ao mal-estar entre Palácio do Planalto e Congresso. A crise se acirrou no fim de semana, após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), divulgar nota na qual reclamou de interferência indevida no processo de votação da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O senador subiu o tom contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e acusou “setores do Executivo” de tentar associar dificuldades de apoio no Congresso à negociação de cargos.

Já na Câmara, as rusgas estão relacionadas à votação do PL Antifacção, proposta elaborada pelo governo, mas que foi desfigurada pelo relator, Guilherme Derrite (PP-AL). O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), reclamou do tom das críticas feitas por aliados do governo e anunciou o rompimento com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ).

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