Paratleta pernambucano de jiu-jitsu busca apoio para disputar Mundial em Abu Dhabi
Competição acontece no dia 13 de novembro e é uma das mais importantes do calendário internacional do jiu-jitsu
O Jiu-Jitsu surgiu com o ideal de ser uma ferramenta de esporte inclusivo e sem barreiras. Em Jaboatão do Guararapes, Geivisson Marcelino, mais conhecido como Meek, é um exemplo disso.
Portador de paralisia cerebral, o faixa marrom da academia Puro Chão, em Vila Rica, tornou-se um exemplo de dedicação e mostra que não será qualquer dificuldade que irá finalizar seus sonhos. Organizando a venda de uma rifa, o lutador deseja estar no Mundial de Parajiu-Jitsu, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, em 13 de novembro.
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Mesmo fazendo parte do Bolsa Atleta de Pernambuco, os custos para a participação são muito altos e Meek espera contar com a solidariedade. O sensei da Puro Chão, Joel Alves, falou sobre a urgência necessária para arrecadar a verba.
“A competição está marcada para o dia 13 de novembro, mas já começamos a produzir e a vender a rifa. Temos essa urgência porque o preço da passagem só vem subindo, hoje está saindo em torno de R$6 mil, pensamos que temos que fechar tudo até o dia 15 de julho. Dá para englobar tudo (passagem, inscrição, hospedagem e alimentação) nessa rifa”, disse.
Além de querer garantir a participação em um dos principais tatames do mundo da arte suave, a equipe deseja chegar em grande forma. Meek procura firmar uma parceria para viabilizar seus treinos de condicionamento físico
“A gente pretende, nesses três meses que antecedem o campeonato, fechar uma parceria com uma academia de musculação para fazer treinos específicos para o Jiu-Jitsu para ganhar mais força, mais explosão e mobilidade”, afirmou o treinador.
Meek se prepara para a disputa da Mundial de parajiu-jitsu da AJP Tour - Foto: Matheus Ribeiro/Folha de Pernambuco Início
O início de Meek no jiu-jitsu foi uma verdadeira ‘raspagem’ nas dificuldades da vida. O começo causou algumas dúvidas e medo naqueles que o acompanhavam de mais de perto, mas o entusiasmo e perseverança de quem sempre teve que lutar mais do que os outros só o tornou mais forte.
Da percepção que o esporte poderia ser uma ferramenta importante, do convite de um amigo, ao acolhimento de um mestre. Assim começou a trajetória.
“Meu amigo Victor começou a treinar aqui na Puro Chão, quando ele já estava há cerca de dois anos, me fez o convite e disse que seria bom. Quando cheguei aqui, bati um papo com o sensei e ele me permitiu treinar. Estamos há quase nove anos treinando juntos”, relembrou o faixa marrom.
Há nove anos, Meek treina jiu-jitsu na academia Puro Chão, em Jaboatão - Foto: Matheus Ribeiro/Folha de PernambucoA partir desse momento Meek entrou numa guarda fechada que não tinha escapatória e a rendição ao jiu-jitsu foi natural, não só para ele, mas como quem temia que ele se machucasse com a prática.
“No primeiro dia minha mãe falava que eu ia apanhar, mas eu acalmava dizendo que estava indo para aprender. Hoje em dia, minha mãe não deixa que eu falte um dia de treino, sempre me incentivando”, disse
Saúde
O apoio foi conquistado a partir do dia a dia e das melhorias que foram apresentadas. De um menino que começou a andar aos dez anos, Geivisson tornou-se um paratleta respeitado.
Sempre presente ao seu lado, sensei Joel foi fundamental no incentivo e no desenvolvimento.
“O Meek chegou aqui aos 21 anos de idade e a gente diz que ele chegou aqui com uma postura baixa e arrastando o pé. A gente via, eu que estava à frente do treino, que ele tinha algumas dificuldades, andava trepidando e tudo”, iniciou.
Meek segue em preparação ao lado do sensei Joel - Foto: Matheus Ribeiro/Folha de Pernambuco Como muita ânsia de se provar e levar uma vida normal, correr e brincar como muitos jovens, Meek levou muitas quedas, literalmente. Várias são as marcas no corpo, revelou Joel. Superando os limites e até mesmo o bullying, Gevisson encontrou um espaço seguro.
“Fomos insistindo em exercícios, trabalhando naquilo que ele tinha mais dificuldade, até chegar ao ponto de fazer todos os exercícios que todo mundo faz. Ele tem deficiência, é notório, mas evoluiu muito. Ele chega a rolar (simulação da luta no linguajar do jiu-jitsu) com todo mundo, de igual para igual, se a gente bobear ele pega e finaliza”.
Relações
Fazendo da Puro Chão a sua casa, o dia a dia de Meek passa por horas de treinamentos. Entre uma aula e outra, as brincadeiras com os companheiros de tatame são uma parte fundamental.
“Todo mundo me aceita aqui com muito amor e amizade. Não tem bullying ou nada de negativo aqui. Me sinto seguro e em casa aqui na Puro Chão, chego no início da tarde e saio às 21h30”.
Por muito tempo, ele foi a única pessoa portadora de deficiência na academia. Porém, desde o ínicio deste ano pôde começar a compartilhar um pouco daquilo que já vivenciou.
“Ele fica responsável por esse horário à tarde e já dá aulas. O Meek tem uma aluna, a Samara, que tem a mesma deficiência do que ele, de 12 anos, e já está treinando com ele há cerca de três meses”, revelou o sensei Joel.
Serviço
Rifa - Abu Dhabi Grand Slam Jiu-Jitsu
Preço: R$10,00
Chave pix: (81) 98792-2004 (Joel)
Prêmio: Fritadeira Elétrica Air Fry
Data de sorteio (previsão): 15/07/2025

