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Peru

Anistia para militares peruanos viola normas internacionais, segundo especialistas da ONU

Se entrar em vigor, vai beneficiar 156 militares condenados e afetará cerca de 600 processos judiciais por crimes cometidos durante os "Anos do Chumbo" no Peru

Legislação foi aprovada em segunda votação no Congresso há uma semanaLegislação foi aprovada em segunda votação no Congresso há uma semana - Foto: Juan Carlos Cisneros / AFP

O Peru "tem o dever" de punir aqueles que perpetraram graves violações de direitos humanos, afirmaram especialistas independentes da ONU nesta quinta-feira (17), que pediram ao governo que vete uma lei de anistia para militares processados por combater guerrilhas há 40 anos.

A anistia, que ainda precisa ser assinada pela presidente Dina Boluarte para entrar em vigor, beneficiará 156 militares condenados e afetará cerca de 600 processos judiciais por crimes cometidos durante os "Anos do Chumbo" no Peru.

Esse período abrangeu de 1980 a 2000 e deixou cerca de 70.000 mortos e mais de 20.000 desaparecidos, segundo dados oficiais. Durante esse período, as forças estatais entraram em confronto com a guerrilha Sendero Luminoso e o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA).

"O Peru tem o dever de investigar, processar e punir as graves violações de direitos humanos e crimes de direito internacional cometidos durante o conflito", afirmaram os especialistas independentes da ONU.

Em comunicado à imprensa, eles enfatizaram que "as normas internacionais proíbem anistias ou perdões para crimes tão graves".

Os especialistas "exortaram o governo peruano a exercer sua prerrogativa constitucional de vetar a lei, que claramente contraria as obrigações internacionais do Peru".

Na semana passada, as famílias das vítimas criticaram a anistia, classificando-a como "ilegal" e "injusta".

Organizações de direitos humanos estimam que essa lei de anistia afetaria aproximadamente 900 militares e policiais, incluindo vários generais.

A legislação foi aprovada em segunda votação no Congresso há uma semana.

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