Dom, 28 de Dezembro

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Internacional

Arábia Saudita é atacada por rebeldes iemenitas

Ataques provocaram incêndio da petroleira Aramco, na cidade de Jidá

Ataques na Arábia Saudita provocaram um enorme incêndio da petroleira Aramco na cidade de JidáAtaques na Arábia Saudita provocaram um enorme incêndio da petroleira Aramco na cidade de Jidá - Foto: AFP

Os rebeldes houthis iemenitas reivindicaram, nesta sexta-feira (25), em um comunicado, uma série de ataques na Arábia Saudita, que provocaram um enorme incêndio da petroleira Aramco na cidade de Jidá, perto do circuito de Fórmula 1 que abriga o Grande Prêmio.

A coalizão liderada pela Arábia Saudita, que combate os rebeldes houthis apoiados pelo Irã, apoiados pelo Irã, confirmou o ataque, ocorrido na véspera do sétimo aniversário de sua intervenção militar na brutal guerra civil no Iêmen.

Em um comunicado, a coalizão informou que o fogo provocado pelo ataque "foi controlado e não causou vítimas", destacou seu porta-voz, Turki al Maliki.

Também afirmou que o ataque, que tinha como alvo "tanques de produtos derivados do petróleo" da Aramco, "não terá impacto nas atividades na cidade de Jidá", referindo-se ao circuito de Fórmula 1. 

Fumaça podia ser vista perto da pista de F1 de Jidá, onde vários pilotos participavam dos treinos livres desta sexta.

O organizador do campeonato de Fórmula 1 informou que a corrida continuaria "tal como estava prevista".

"A Fórmula 1 está em contato estreito com as autoridades competentes a propósito da situação atual. As autoridades confirmaram que o evento pode continuar conforme o previsto e continuaremos em contato estreito com elas e as escuderias, seguindo de perto a situação", indicou em um comunicado.

"Inaceitáveis"
Os Estados Unidos qualificaram como "inaceitáveis" os ataques, realizados com mísseis e drones, das cidades de Saná, capital do Iêmen nas mãos dos insurgentes, e Hodeida, também na área rebelde.

"Continuamos trabalhando com nossos parceiros sauditas para fortalecer seus sistemas de defesa enquanto trabalhamos para uma solução duradoura do conflito" no Iêmen, informou a porta-voz do Departamento de Estado, Jalina Porter.

"Estes ataques, que ameaçam a segurança da Arábia Saudita e a estabilidade da região, devem cessar de imediato", acrescentou a porta-voz da diplomacia francesa, Anne-Claire Legendre, ao destacar "a gravidade da ameaça (relacionada com a) proliferação de drones e mísseis".

Ao apontar para as instalações petroleiras, os houthis estão tentando "tocar o nervo da economia global", disse al Maliki.

Os rebeldes houthis reivindicaram um total de 16 ataques contra vários alvos, inclusive uma estação elétrica em Jizan, na fronteira com o Iêmen, que foi incendiada.

Os ataques ocorrem em um contexto de preços do petróleo em alta desde 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e o abastecimento mundial começou a ser interrompido à medida que a Rússia é afetada pelas sanções ocidentais.

Nesta sexta, os preços do petróleo, em queda na maior parte do dia, fecharam em alta depois de quando os rebeldes iemenitas reivindicaram a autoria de uma série de ataques em Jidá.

A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, alertou na segunda-feira sobre o risco de uma queda em sua produção após vários ataques ocorridos dias antes e reivindicados pelos houthis. 

Um deles teve como alvo uma refinaria da Aramco na cidade industrial de Yanbu no Mar Vermelho, cerca de 100 quilômetros ao norte de Jidá, obrigando a empresa a reduzir "temporariamente" a produção e recorrer ao estoque para compensar. 

O Ministério das Relações Exteriores saudita voltou a acusar o Irã de "continuar fornecendo drones e mísseis" aos houthis e pediu à comunidade internacional que busque soluções.

"A Arábia Saudita não assumirá a responsabilidade pela escassez da oferta de petróleo nos mercados mundiais devido aos ataques a suas instalações", disse na segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores saudita. 

Os países ocidentais têm pressionado desde o começo da crise da Ucrânia à Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderada pela Arábia Saudita, para aumentar sua produção.

Mas a monarquia do Golfo se manteve surda a estes apelos, fiel a seus compromissos com o cartel, que inclui a Rússia, o segundo maior exportador de petróleo do mundo.

O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que reúne seis petromonarquias árabes e é dominado pela Arábia Saudita, informou em meados de março que estava disposto a organizar diálogos de paz com os houthis, mas estes últimos se negaram a participar caso se realizassem em Riade.

A coalizão assegurou nesta sexta que estava "mostrando moderação" para dar uma oportunidade às conversações de paz.

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