Bukele critica Maduro por recusar oferta de troca de imigrantes
Maduro acusou Bukele de ser "um violador sistemático" dos direitos humanos e exigiu a libertação imediata dos venezuelanos presos
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, criticou nesta terça-feira seu par venezuelano, Nicolás Maduro, por rejeitar sua proposta de troca de 252 imigrantes deportados dos Estados Unidos pelo mesmo número do que chamou de "presos políticos".
Leia também
• Para Maduro, Bukele é um "violador sistemático e serial dos direitos humanos"
• Legisladores dos EUA seguirão lutando pela volta de Salvador deportado por engano
Maduro acusou Bukele de ser "um violador sistemático" dos direitos humanos e exigiu a libertação imediata dos venezuelanos presos, cujos familiares também criticaram a proposta salvadorenha.
"Não foi você que disse que faria o que fosse preciso para obter a libertação dos venezuelanos detidos em El Salvador? Quer dizer, então, que estava mentindo?", questionou Bukele, na rede social X.
Em sua mensagem dirigida a Maduro, o presidente salvadorenho também mencionou o encontro do presidente venezuelano com familiares dos detidos que aconteceu no Palácio de Miraflores: "Foi apenas um espetáculo midiático?"
Apesar da rejeição de Maduro, Bukele informou que enviou a proposta formal à chancelaria da Venezuela.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores de El Salvador, se ela for aceita, a pasta está preparada para "habilitar os canais necessários para coordenar tecnicamente" a sua implementação.
Sob o argumento de que "não são criminosos", parentes de imigrantes deportados dos Estados Unidos para El Salvador criticaram nesta terça-feira a proposta de troca de prisioneiros feita pelo presidente salvadorenho.
"Não temos por que aceitar uma troca, porque nossos filhos não são criminosos", afirmou a manicure Luismary Gómez, 44, mãe de um homem deportado semanas atrás. "Meu filho assinou sua deportação acreditando que estava fazendo a melhor coisa do mundo, e olha a armadilha em que caiu", criticou Luismary, que se concentrou com outras 50 pessoas na sede da ONU em Caracas.
O governo de Bukele é um aliado-chave do presidente americano Donald Trump em sua política anti-imigração, e recebeu, em pouco mais de um mês, 288 deportados, 252 deles venezuelanos, que estão em uma prisão de segurança máxima salvadorenha.
Há cerca de um mês, Trump invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para prender e deportar para El Salvador venezuelanos e salvadorenhos que acusou de integrar as organizações criminosas Trem de Aragua e Mara Salvatrucha.
Eles foram levados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), prisão construída por Bukele e considerada a maior da América Latina, com capacidade para 40 mil pessoas.
"Nossos filhos foram sequestrados, estão fazendo tráfico de pessoas com eles", afirmou o profissional de saúde Ángel Blanco, 58. Ele contou que seu filho trabalhava em um armazém de Nova York de dia, e à noite como entregador. "Se Bukele quer ter escravos, que me mandem para lá, mas que mandem meu filho para cá."
O Ministério Público venezuelano pede a libertação incondicional dos imigrantes deportados. El Salvador e Venezuela não mantêm relações diplomáticas desde 2019.

