Caso Juliana Marins: Indonésia revê procedimentos de segurança e faz capacitação de guias
Autoridades planejam revisão nacional dos padrões de segurança como resposta à tragédia envolvendo a jovem brasileira
Duas semanas após a trágica morte da brasileira Juliana Marins em uma encosta do Monte Rinjani, na Indonésia, o parque nacional onde ocorreu o acidente começa a implementar medidas concretas para aumentar a segurança dos visitantes. Uma das primeiras ações foi a realização de um treinamento intensivo com o Esquadrão Rinjani, grupo responsável pelas operações de socorro na montanha, focado em técnicas de resgate vertical.
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A iniciativa marca o início do que promete ser uma nova fase na gestão do parque, voltada não apenas para o aprimoramento técnico em terrenos íngremes e de difícil acesso, mas também para o fortalecimento da preparação das comunidades locais diante de riscos naturais e situações de emergência. O objetivo é evitar que tragédias como a de Juliana se repitam, tornando as rotas de escalada mais seguras e os protocolos de resposta mais eficazes.
A expectativa das autoridades é que novas normas, treinamentos e padrões de qualificação para guias e socorristas sejam gradualmente adotados nos principais destinos de ecoturismo da região. O ministro Coordenador de Assuntos Políticos, Jurídicos e de Segurança, Budi Gunawan, declarou que vai endurecer os padrões operacionais para escaladas e realizará uma avaliação abrangente dos procedimentos de segurança, mitigação de riscos e qualificação dos guias.
— Os procedimentos operacionais precisam ser mais rígidos. Os padrões de segurança devem ser mais rígidos. Em segundo lugar, o nível de prontidão diante de incidentes também precisa melhorar. Tem que estar pronto. Inclusive os guias devem seguir padrões. Não pode ser como neste caso, em que o guia era mal definido — afirmou Budi à CNN Indonésia.
Na mesma entrevista, Budi que a morte de Juliana Marins não foi “inteiramente” culpa do governo. Segundo o ministro, além de estar exausta para continuar a escalada, Juliana foi deixada para trás por seus amigos.
— Mas os amigos a deixaram, mandaram que esperasse sozinha. Os outros continuaram, e depois disso ela caiu numa profundidade de 600 metros. Esses são os fatos do ocorrido — relatou.
Agam, o montanhista que ajudou no resgate da brasileira, também participou do treinamento, que se aprofunda em técnicas de evacuação, sistemas de corda, para o desenvolvimento de âncoras projetadas para responder a condições extremas no campo. Segundo os responsáveis, a iniciativa é parte de um investimento a longo prazo na resiliência humana e na preparação local para riscos geológicos e climáticos complexos.
O corpo de Juliana chegou ao Brasil uma semana após sua morte ter sido confirmada. Os restos mortais desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, vindo da Indonésia em um voo da Emirates. De lá, foram trazidos ao Rio em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
Juliana Marins, de 26 anos, morreu no dia 21 de junho após cair de uma encosta de 600 metros durante uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia. Ela fazia parte de um grupo de trilheiros, mas teria ficado para trás após apresentar sinais de exaustão. Segundo relatos, os demais integrantes seguiram adiante, enquanto Juliana permaneceu sozinha aguardando apoio. A jovem acabou se desequilibrando e caindo em uma área de difícil acesso, sendo encontrada sem vida quatro dias depois por equipes de resgate.
O corpo de Juliana só foi retirado do local no dia 25 de junho, após uma operação complexa de resgate vertical. O caso gerou grande comoção no Brasil e abriu uma série de questionamentos sobre a segurança nas trilhas do Monte Rinjani. Familiares acusam as autoridades indonésias de negligência no socorro e no manuseio do corpo e prometeram acionar judicialmente os responsáveis.

