Seg, 08 de Dezembro

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ARMAMENTO

Conheça a arma secreta antibunker de 14t dos EUA que fura montanhas

Bomba é capaz de penetrar instalações militares subterrâneas a 60 metros de profundidade e é considerada a arma não-nuclear mais perigosa do mundo

GBU-57/B Massive Ordnance Penetrator (MOP) dos EUA GBU-57/B Massive Ordnance Penetrator (MOP) dos EUA  - Foto: Força Aérea dos EUA

Em meio à expectativa para as conversas entre Irã e Estados Unidos, previstas para o sábado (12) em Omã, a delegação americana chega à mesa de negociações com uma arma secreta: uma poderosa bomba antibunker capaz de incapacitar o programa nuclear do país persa, que mantém algumas de suas bases mais importantes em áreas fortificadas debaixo da terra.

Conhecido pelo nome oficial GBU-57/B Massive Ordnance Penetrator (MOP), o modelo é capaz de penetrar instalações militares subterrâneas e é considerado a arma não-nuclear mais perigosa do mundo.

Com quase 14 toneladas e capacidade de penetrar ao menos 60 metros de profundidade sem detonar, o MOP faz parte do arsenal de bombas antibunker da Força Aérea americana que já foi atualizado várias vezes ao longo dos anos. Estima-se que os EUA têm ao menos cinco variantes desse tipo de arma, sendo a mais recente o GBU-57/B Massive Ordnance Penetrator.

No ano passado, a Força Aérea americana discretamente corrigiu um problema na integração do MOP com o bombardeiro B-2 Spirit, a única aeronave certificada para operar a bomba. Durante o trabalho, também foi testada uma nova "espoleta inteligente" para aumentar a eficácia da arma mesmo quando o posicionamento e a profundidade exatas do alvo não são conhecidos.

A bomba já conta com uma espoleta que detectar áreas vazias, projetada para disparar quando encontra um espaço aberto. Tal tecnologia pode ser combinada com um dispositivo que permite que o MOP penetre mais profundamente no alvo antes de detonar.

Para instalações mais profundas, também é possível implantar várias bombas antibunker que, graças à sua tecnologia de precisão por GPS, permite que os bombardeiros lancem ogivas por camadas, com cada uma delas cavando mais fundo do que a anterior.

Embora o B-2 seja o único bombardeiro aprovado para implantar as bombas operacionalmente, testes com bombardeiros B-52 já foram feitos, expandindo as possibilidades de uso da arma num momento em que ela se torna cada vez mais estratégica para os Estados Unidos.

Em outubro do ano passado, as Forças Armadas americanas lançaram bombardeiros B-2 para atacar bunkers usados por rebeldes Houthi para armazenar armas no Iêmen — o primeiro uso de aeronaves do tipo em combate em anos e a primeira vez contra o país árabe. Ao anunciar os ataques, o então secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, sinalizou que o uso do bombardeiros era também um recado ao Teerã.

— Essa foi uma demonstração única da capacidade dos Estados Unidos de atingir instalações que nossos adversários procuram manter fora de alcance, não importa quão profundamente enterradas no subsolo, reforçadas ou fortificadas — disse Austin.

Desafios para desmantelar o programa
Apesar do poder de dissuasão que tamanha arma possa exercer numa mesa de negociações, o MOP pode não ser capaz de inabilitar totalmente o programa nuclear iraniano. Em 2023, imagens de satélite, vídeos e fotos analisadas pela agência americana Associated Press mostraram que o Irã estava cavando túneis na montanha perto da instalação nuclear de Natanz, que nos últimos anos foi alvo de cinco ataques massivos contra o programa iraniano.

A construção começou cinco anos após o presidente americano, Donald Trump, então no seu primeiro mandato, ter retirado unilateralmente os EUA do acordo nuclear, alegando que o acordo não teria incluído o programa de mísseis balísticos de Teerã nem seu apoio a milícias no Oriente Médio. Na época, Teerã afirmou que a nova construção substituiria um centro de fabricação de centrífugas que havia sido destruído em 2020 por Israel.

Protegida por baterias antiaéreas, cercas e pela Guarda Revolucionária do Irã, a instalação se estende por 2,7 quilômetros no árido Planalto Central do país. À AP, especialistas disseram que a instalação provavelmente teria de 80 a 100 metros de profundidade, além dos 60 metros de alcance do MOP.

Além da proteção contra bombas antibunker, especialistas também disseram à agência que o tamanho do projeto indica que a instalação também poderia ser usada para enriquecer urânio, e não apenas para construir centrífugas. Desde o fim do acordo nuclear, o Irã afirma ter enriquecido urânio até 60%, embora os inspetores tenham descoberto que o país já produziu partículas de urânio com 83,7% de pureza, perto do limite de 90% de urânio utilizado para bombas atômicas.

Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um dos principais desafios de destruir o programa nuclear do Irã consiste na sua dispersão territorial. "O desmantelamento desse programa exigiria uma operação militar extraordinariamente complexa”, com apoio dos EUA para atingir locais subterrâneos — embora Israel possua um antibunker menor, com alcance limitado.

"Mesmo na melhor das hipóteses, em que os ataques militares destruíssem efetivamente as principais instalações, a base de conhecimento sobre enriquecimento de urânio, tecnologia de reatores e o ciclo de combustível necessário para sustentar a fissão nuclear permaneceria intacta", aponta o CSIS.

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