Sáb, 06 de Dezembro

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Human Rights Watch acusa EUA e El Salvador de "desaparecimento forçado" de mais de 200 venezuelanos

ONG de direitos humanos exige que governos revelem identidades e paradeiro dos presos

Manifestantes protestam em Caracas contra deportação de imigrantes venezuelanos dos EUA para El Salvador Manifestantes protestam em Caracas contra deportação de imigrantes venezuelanos dos EUA para El Salvador  - Foto: AFP

A organização não governamental Human Rights Watch (HRW) acusou nesta sexta-feira os Estados Unidos e El Salvador de "desaparecimento forçado e detenção arbitrária" de mais de 200 venezuelanos. A ONG de direitos humanos exige que revelem suas identidades e paradeiro.

Em 15 de março, o governo de Donald Trump enviou 238 venezuelanos a El Salvador, incluindo mais de 100 sob a acusação de pertencerem à quadrilha Tren de Aragua, com base na Lei dos Inimigos Estrangeiros, de 1798, usada até então apenas em tempos de guerra.

Eles foram encarcerados no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma megaprisão conhecida por suas duras condições de detenção.

 

“Esses desaparecimentos forçados constituem uma grave violação do direito internacional dos direitos humanos”, denuncia Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da HRW, citada em comunicado.

“A crueldade dos governos dos Estados Unidos e de El Salvador deixou essas pessoas fora da proteção da lei e causou imensa dor às suas famílias”, acrescenta.

A ONG afirma que os venezuelanos “permanecem incomunicáveis” e insta o governo do presidente salvadorenho Nayib Bukele a “confirmar o paradeiro específico dos detidos, revelar se há alguma base legal para sua detenção e permitir que tenham contato com o mundo exterior”.

A secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, que visitou a prisão salvadorenha em março, disse na quarta-feira estar “convencida de que as pessoas que estão lá devem estar lá e deveriam permanecer lá pelo resto de suas vidas”, segundo a plataforma Axios.

A Human Rights Watch afirma ter enviado uma carta às autoridades salvadorenhas solicitando informações, porém sem sucesso.

A ONG entrevistou 40 familiares de supostos detidos, todos os quais disseram que as autoridades dos EUA haviam informado que “seriam devolvidos à Venezuela”.

Eles deduziram que seus entes queridos estavam em El Salvador porque viram seus rostos ou partes de seus corpos “em um vídeo publicado pelas autoridades salvadorenhas”, porque seus nomes desapareceram do sistema de localização de detidos do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) dos EUA, ou por meio de uma lista publicada pela CBS News.

“Ninguém deveria ter que juntar pedaços de informações da mídia ou interpretar o silêncio das autoridades para descobrir onde estão seus familiares detidos”, criticou Goebertus.

O Tren de Aragua e a MS-13 figuram entre as organizações declaradas “terroristas” por Washington.

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