Julgamento do autor de massacre escolar na Flórida está pronto para a sentença
Nikolas Cruz matou 17 pessoas em uma escola secundária da Flórida em 2018
Assassino frio ou rapaz trastornado? A Promotoria e a defesa apresentaram, nesta terça-feira (11), duas visões opostas sobre Nikolas Cruz na última audiência do julgamento deste jovem americano que matou 17 pessoas em uma escola secundária da Flórida em 2018.
Nikolas Cruz, o jovem americano que matou 17 pessoas em uma escola de ensino médio da Flórida em 2018, planejou um "massacre sistemático", declarou o promotor do caso nesta terça-feira (11), antes de pedir a pena de morte ao acusado.
Após quase três meses de audiências em Fort Lauderdale, norte de Miami, a acusação e a defesa do réu apresentam suas alegações finais perante o júri encarregado de decidir a sentença do assassino: pena de morte ou prisão perpétua.
"A sentença apropriada para Nikolas Cruz é a pena de morte", declarou o promotor Michael Katz, após declarações finais em que insistiu na natureza premeditada do massacre.
Em 14 de fevereiro de 2018, Cruz, então com 19 anos, entrou na Marjory Stoneman Douglas High School com um fuzil semiautomático AR-15, de onde havia sido expulso um ano antes por motivos disciplinares.
Em apenas nove minutos, o jovem matou a tiros 14 alunos e três funcionários da escola e feriu outras 17 pessoas. Na sequência, fugiu do local e se escondeu entre as pessoas retiradas do prédio.
Foi preso pela polícia logo depois, quando estava andando pela rua depois de ter ido a um restaurante de fast-food.
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Um assassinato planejado
"O que queria fazer (Cruz), seu plano, o que fez, foi assassinar alunos de uma escola e seus tutores", disse Satz, que detalhou amplamente os preparativos do acusado como a compra da arma e suas buscas por massacres escolares na internet.
"Foi calculado, foi intencional, e foi uma massacre sistemático", acrescentou sobre os fatos, garantindo que o jovem escolheu o dia de São Valentim de propósito.
Cruz, vestido com agasalho beje, escutou cabisbaixo, às vezes, apoiando a cabeça entre as mãos, enquanto o promotor descrevia minuciosamente sua trajetória criminosa entre os corredores da escola.
Cruz se declarou culpado no ano passado e o júri deve decidir seu destino a partir de quarta-feira.
Se seus membros - sete homens e cinco mulheres - não votarem de forma unânime a favor da pena capital, Cruz será condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Uma infância difícil
A advogada principal da defesa, Melissa McNeill, concentrou sua alegação final na infância traumática de seu cliente a quem definiu como "um jovem frágil, com danos cerebrais e doente mental".
Se trata do resultado, segundo ela, do trastorno do espectro alcoólico fetal com o qual nasceu, provocado pelo forte consumo de álcool de sua mãe durante a gravidez.
"Estava condenado desde o útero", disse McNeill.
Cruz cresceu em um lar violento com uma mãe adotiva deprimida que também começou a beber. Essa infância provocou transtornos mentais no acusado que nunca foi devidamente tratado, argumentou McNeill, que pediu ao júri clemência e que não o condenasse à pena capital.
"Condenar Nikolas (Cruz) à morte não atenderá a outro propósito além da vingança", disse a advogada ao júri. "Nunca se arrependerão de votar a favor da vida", afirmou.
A matança de Parkland comoveu o país e reativou o debate sobre o controle de armas, já que Cruz comprou legalmente o fuzil com o qual realizou o ataque, apesar de seu histórico psiquiátrico.
Em 24 de março de 2018, uma marcha impulsionada por jovens sobreviventes e pais de vítimas reuniu um milhão e meio de pessoas, a maior manifestação jamais celebrada nos Estados Unidos a favor de um maior controle das armas.
O Congresso não aprovou nenhuma mudança significativa sobre o tema desde então, e as vendas de armas continuam aumentando.
Os Estados Unidos já sofreram vários tiroteios sangrentos nos últimos meses, entre eles o que deixou 19 crianças e dois adultos mortos em maio em uma escola primária de Uvalde, no Texas.
Após esses assassinatos, uma modesta lei federal foi aprovada, que prevê um aumento do financiamento da segurança escolar e da saúde mental.

