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AMÉRICA LATINA

De máscara, Bolsonaro participa de posse de novo presidente do Equador um dia após ato no RJ

Uso da máscara e respeito às medidas sanitárias no Equador pelo presidente Bolsonaro contrastou com a postura no dia anterior, no Rio de JaneiroUso da máscara e respeito às medidas sanitárias no Equador pelo presidente Bolsonaro contrastou com a postura no dia anterior, no Rio de Janeiro - Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP | Fernando Frazão / Abr

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), esteve no Equador, nesta segunda-feira (24), na cerimônia de posse do ex-banqueiro de direita Guillermo Lasso.

Lasso foi empossado presidente do país para os próximos quatro anos pela titular da Assembleia Nacional, Guadalupe Llori, na sala de sessões legislativas, em Quito.

Bolsonaro acompanhou a cerimônia de máscara e cumprindo os protocolos de saúde contra a pandemia da Covid-19, bem diferente da postura adotada no domingo (23), quando ele comandou um grande ato político reunindo motociclistas e promovendo aglomerações sem usar o equipamento de proteção no Rio de Janeiro.

Posse
"Está legalmente empossado como presidente da República do Equador", afirmou Llori, após tomar seu juramento.

Este membro do Opus Dei, de 65 anos, foi juramentado por Llori, como estabelece a Carta Magna, diante da presença dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro; da República Dominicana, Luis Abinader; e do Haiti, Jovenel Moise, assim como do rei da Espanha, Felipe VI, segundo o Congresso.

A delegação do governo dos Estados Unidos é liderada por sua embaixadora na ONU, Linda Thomas-Greenfield. Em sua chegada a Quito, no domingo, ela manifestou que eleições livres, como aquelas por meio das quais Lasso foi designado, são um exemplo para a democracia na região.

A Secretaria de Comunicação havia antecipado a presença na posse dos presidentes da Colômbia, Iván Duque; do Chile, Sebastián Piñera; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou. Eles não compareceram.

Com uma aceitação de 60,5% dos equatorianos, Lasso substituiu Lenín Moreno, que chegou à Presidência impulsionado pelo ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017) e depois se tornou seu adversário político.

O ex-banqueiro herda um país em crise econômica, que se aprofundou com a covid-19, sendo o Equador o sétimo país da América Latina em número de casos (418.851) e mortes (20.193), de acordo com uma contagem da AFP.

Como prelúdio, no domingo foi realizado em Quito um fórum ibero-americano de direita organizado pela Fundação Internacional para a Liberdade (FIL), liderada pelo prêmio Nobel Mario Vargas Llosa, com participação de Lasso e seus "amigos" José María Aznar, ex-governante da Espanha, e Andrés Pastrana, da Colômbia. 

O encontro, que também contou com a presença do líder da oposição venezuelana Leopoldo López, debateu os desafios da liberdade num momento em que o governo colombiano enfrenta protestos sociais e no Chile a esquerda desperta.

"Novo aliado" 
Em mensagem gravada, Duque comemorou que "temos no Equador, com o presidente Guillermo Lasso, um novo aliado como chefe de Estado para continuar defendendo juntos a democracia na região".

"Estamos caminhando juntos pela democracia e liberdade em todo o continente americano", disse López, condenado em 2015 em seu país a quase 14 anos de prisão depois de ser acusado de incitar a violência em protestos contra o governo de Nicolás Maduro.

Na véspera da eleição presidencial de 11 de abril, Lasso expressou sua rejeição contundente ao "totalitarismo" e seu desejo de que a Venezuela volte ao caminho democrático.

"Sempre lutaremos pela democracia na região. Promoveremos todos os esforços para que os países sejam governados por governantes democráticos, em um ambiente de liberdade. Nunca de totalitarismo", disse ele em entrevista à AFP.

Na votação, o ex-banqueiro levou a melhor na revanche contra o ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017) ao derrotar seu sucessor, o economista Andrés Arauz, por 4,72 pontos.

Após uma década de instabilidade institucional (1997-2007), em que o Equador teve sete presidentes - três deles destituídos - e da era correista, Lasso é o primeiro direitista a ser eleito.

Para o seu mandato de quatro anos, promete um "governo do encontro" que procurará ultrapassar a polarização entre o correismo e o anticorreismo, e uma luta feroz contra a corrupção.

"Não permitiremos a impunidade" 
Correa, que desde que deixou o poder vive na Bélgica, foi condenado em 2020 à revelia a oito anos de prisão por corrupção. 

Vários ex-funcionários de seu governo estão presos por corrupção, incluindo seu ex-vice-presidente Jorge Glas, que desde 2017 cumpre seis anos de prisão por receber propinas milionárias da construtora brasileira Odebrecht.

"Não permitiremos a impunidade. Que os corruptos tenham medo. Que aqueles que abusaram dos equatorianos tenham medo", declarou Lasso na quinta-feira, ao apresentar seu gabinete.

Ele acrescentou que "aqueles de nós que não abusaram de ninguém, respeitaram a lei, que agiram honestamente, não precisam ter medo de um governo de mudança".

Com as forças dispersas e sem maioria absoluta no Congresso, seu movimento Criando Oportunidades (CREO) teve que se aliar a setores de centro e de esquerda para conseguir uma frente na Assembleia Legislativa excluindo o correismo. 

"Veremos se essa aliança realmente ajudará a governança, porque vejo linhas vermelhas", disse à AFP Wendy Reyes, consultora política e professora da Universidade de Washington.

Com o Fundo Monetário Internacional (FMI) como principal credor do Equador em troca de reformas estruturais, os setores sociais se opõem aos aumentos de impostos e aos planos de privatização. 

Lasso antecipou parcerias público-privadas e concessões para obter recursos.

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