Maduro afirma que EUA prepara "agressão" de "caráter militar" contra Venezuela
Nas últimas semanas, os Estados Unidos posicionaram oito navios em águas do Caribe sul em uma operação antidrogas
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (15) que os Estados Unidos estão preparando uma "agressão" de "caráter militar" contra seu país, e assegurou que seu governo está autorizado pelas "leis internacionais" para enfrentá-la.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos posicionaram oito navios em águas do Caribe sul em uma operação antidrogas. Washington acusa Maduro de supostos vínculos com o narcotráfico e oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares, cerca de 273 milhões de reais, pela captura do líder venezuelano.
Há "uma agressão em andamento, de caráter militar, e a Venezuela está autorizada pelas leis internacionais a enfrentá-la", indicou o líder venezuelano sobre a presença de navios americanos no Caribe.
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Em uma coletiva de imprensa com a imprensa internacional, Maduro disse ainda que esta mobilização militar acabou com os canais de comunicação com os Estados Unidos.
"Hoje posso anunciar que as comunicações com o governo dos Estados Unidos estão desfeitas, por eles, com suas ameaças de bombas, (...) assim, passaram de uma etapa de relações prejudicadas de comunicação para desfeitas", declarou.
No entanto, esclareceu que as comunicações "não estão zeradas". Mantém-se apenas "um fio básico" com o embaixador John T. McNamara, baseado em Bogotá, indicou.
Sem relações diplomáticas desde 2019, os Estados Unidos e a Venezuela retomaram aproximações por meio de delegados para tratar de temas como a troca de prisioneiros e a deportação de imigrantes venezuelanos.
Rubio, "o senhor da guerra"
O presidente venezuelano também se referiu ao secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como "o senhor da morte e da guerra".
Nesta segunda, em uma entrevista à Fox News antes das declarações de Maduro, Rubio disse que o venezuelano "representa uma ameaça direta à segurança nacional" dos Estados Unidos em razão do tráfico de drogas do qual Washington o acusa.
Rubio havia apontado na semana passada que Maduro era um "fugitivo da justiça americana", em referência à recompensa oferecida pelos Estados Unidos por sua captura.
Os Estados Unidos acusam o governante de liderar o Cartel de los Soles. Ele nega qualquer vínculo com o narcotráfico.
Washington, por sua vez, justifica a presença de navios de guerra no Caribe pela luta antidrogas.
Na semana passada, o presidente venezuelano ordenou a mobilização de pelo menos 25 mil membros das Forças Armadas em estados fronteiriços com a Colômbia e na zona do Caribe.
Também chamou os civis para se alistarem na Milícia Bolivariana, uma força composta por cidadãos, diante de uma possível invasão americana.
No fim de semana, o governo da Venezuela denunciou que militares dos Estados Unidos que faziam parte da tripulação do destróier naval "USS Jason Dunham" detiveram por oito horas um barco pesqueiro que navegava em águas do Caribe venezuelano.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, também afirmou que os Estados Unidos triplicaram em agosto o deslocamento de aviões espiões "contra" a Venezuela.

