Ontário, no Canadá, diz que cortará energia para os EUA se necessário
Primeiro-ministro disse que não quer comercial, mas mantém opção de retaliação contra tarifas de Trump
O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, no Canadá, afirmou que está disposto a suspender as exportações de eletricidade para os Estados Unidos caso seja necessário. A declaração surge como um recado direto à Casa Branca após o presidente Donald Trump anunciar a elevação das tarifas sobre o aço e o alumínio canadenses para 50%.
Na manhã desta terça-feira, Trump afirmou em uma publicação nas redes sociais que a decisão foi tomada em resposta à medida de Ontário, que impôs uma sobretaxa de 25% sobre a eletricidade vendida aos EUA.
Leia também
• Governo Lula pede à gestão Trump para adiar taxa sobre aço e alumínio do Brasil
• A aflição dos militares trans nos EUA, ameaçados de expulsão por Trump
• Trump intensifica guerra comercial com o Canadá com tarifas massivas
Durante uma entrevista à CNBC, Ford disse que não quer uma guerra comercial, mas está firme na taxa extra, a menos que o presidente dos EUA recue nas ações comerciais contra o Canadá.
“Quero enviar mais eletricidade (para os EUA)”, disse Ford, durante uma entrevista à CNBC. Mas cortar as exportações de energia continua sendo “um instrumento em nosso kit de ferramentas”, afirmou.
Ontário tem uma rede elétrica quase totalmente livre de carbono, com a grande maioria de sua capacidade proveniente de energia nuclear, hidrelétrica, eólica e solar.
Nos últimos dois anos, Ontário exportou anualmente 12,1 terawatts-hora de eletricidade para os EUA, segundo informações da operadora da rede na província canadense. É um volume relativamente pequeno em comparação com o consumo total de estados como Minnesota, Michigan e Nova York.
Trump declara "emergência de eletricidade" em três estados
As novas tarifas sobre aço e alumínio entram em vigor nesta quarta-feira, 12 de março. Além do aumento para 50%, Trump declarou "emergência de eletricidade" nos três estados mais afetados pela decisão de Ontário, prometendo que a medida permitirá que os EUA "façam rapidamente o que precisa ser feito para aliviar essa ameaça abusiva do Canadá".
“Eles pagarão um preço financeiro tão grande que isso será lembrado nos livros de história por muitos anos!”, escreveu Trump, em uma publicação subsequente nas redes sociais.
David Collins, professor especializado em direito comercial e de investimentos internacionais na City St. George's, Universidade de Londres, disse que Ford intensificou desnecessariamente a guerra comercial com suas ações.
“Acho que foi um pedido irrealista, e ele não deveria ter afetado a energia”, disse Collins, ao acrescentar que atingir uma necessidade básica é “muito assustador, especialmente para pessoas mais velhas”.
Ontário vende sua energia em uma bolsa onde os compradores podem escolher entre um menu de vendedores. Minnesota e Michigan importaram cerca de 1% de sua energia do Canadá em 2024, e menos da metade disso veio de Ontário, de acordo com a operadora de rede da região. Nova York importou cerca de 4,4% de sua eletricidade total do país em 2023, segundo cálculos da Bloomberg.
Compradores norte-americanos de aço e alumínio produzidos em outros países além do Canadá pagarão uma tarifa de 25%, a partir de terça-feira, segundo o plano da Casa Branca, criando desafios para empresas em todos os lugares.
O Canadá é o maior fornecedor de alumínio e aço para os EUA, respondendo por cerca de um quarto do aço que os EUA importaram em 2023. A província canadense de Quebec produz a maior parte do alumínio que os EUA compram.
Canadá manterá tarifas, diz sucessor de Trudeau
O novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, que assumirá o cargo em breve, confirmou que o país manterá suas medidas retaliatórias até que os EUA eliminem suas próprias tarifas e se comprometam com o livre comércio.
“Meu governo manterá nossas tarifas até que os americanos nos mostrem respeito e assumam compromissos confiáveis e credíveis com o comércio livre e justo”, disse Carney, em comunicado, diante da escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos.

