Prefeito de Palmares era mandante de esquema que desviou R$ 500 mil de cofres públicos
Segundo a polícia, Altair Júnior (MDB) liderava fraude que envolvia a Secretaria de Esportes e uma liga desportiva da cidade
A Polícia Civil de Pernambuco deflagrou, na manhã desta quinta-feira (17), a Operação Fim de Jogo para desarticular uma organização criminosa suspeita da prática dos crimes de peculato* e falsificação de documentos. O prefeito da cidade, Altair Júnior (MDB), é apontado como mandante do esquema, que desviou cerca de R$ 500 mil dos cofres públicos.
Segundo a polícia, verbas eram desviadas da Prefeitura de Palmares, através de convênios celebrados entre a Secretaria de Esportes e a Liga Desportiva dos Palmares, nos anos de 2017 e 2018. A liga tinha como função fomentar o esporte na cidade.
Segundo a polícia, foram expedidos 11 mandados de busca e apreensão, além do sequestro de bens e valores. Todas as ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco e cumpridas nas cidades de Palmares e Água Preta, na Mata Sul, e no Recife.
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As investigações da operação começaram em janeiro deste ano, sob presidência do delegado Diego Pinheiro, titular da 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), e apontam que, após a assinatura desses contratos, os valores eram repassados diretamente do secretário-executivo de Finanças da prefeitura para o diretor de esportes de Palmares.
"Recebemos as informações através de denúncia anônima e da Câmara de Vereadores, que instaurou uma CPI para analisar o desvio de verbas. As investigações confirmaram esse desvio", detalhou o delegado Diego Pinheiro.
O repasse era feito por meio de cheques endereçados para a Liga Desportiva. O diretor de esportes levava esses cheques
para o presidente da liga desportiva, bem como para o tesoureiro da Liga, que endossavam os cheques. O diretor de esportes então sacava esses valores no banco, segundo a Polícia Civil, que acrescenta as ordens do prefeito Altair Júnior como ponto inicial do esquema criminoso.
Ainda de acordo com a polícia, as investigações demonstraram que esses convênios eram celebrados sem regras legais. Os eventos esportivos que, em tese, deveriam justificar os contratos, não teriam ocorrido.
Além disso, as prestações de contas apresentadas seriam fictícias e compostas por notas fiscais falsas cedidas por um empresário da cidade de Água Preta, também na Mata Sul, para o diretor de Esportes de Palmares.
Nesta quinta, a operação apreendeu documentos, mídias, gabinetes de computador, celulares, R$ 10 mil, vários cheques preenchidos, recibos, extratos bancários e um revólver calibre 38 com seis munições.
A operação contou com o apoio da Diretria de Inteligência da Polícia Civil e do laboratório de Lavagem de Dinheiro, além do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE).
"Não solicitamos prisão porque foram fatos de 2017 e 2018. Houve tentativa de atrapalhar as investigações. Como o mandato do prefeito se encerra em pouco mais de duas semanas, não seria viável [a prisão]", acrescentou o delegado.
A Folha de Pernambuco tentou contato com a Prefeitura de Palmares, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
Os envolvidos foram ouvidos em depoimento nesta quinta-feira e deverão responder pelos crimes de organização criminosa, peculato e falsificação de documento.
*Peculato é o crime de apropriação de bens e valores por servidores públicos em favor próprio ou de terceiros.

