A Política, a Arte da Ingratidão
A política, no passado, era missão. Missão de homens sérios, preparados, que viam no serviço público um ato de grandeza. Hoje, virou profissão — e das mais rentáveis.
Ex-juízes, ex-delegados, médicos, ex. Governadores. Homens e mulheres que carregam no peito o título de “honestos” entram cheios de promessas. Entram limpos, acreditando que vão mudar o sistema. Mas basta atravessar as portas do Congresso, dos palácios atapetados de governo em cada estado ou das mais de 5.400 prefeituras do país, para descobrir a regra do jogo: ou se corrompe, ou não sobrevive.
Porque em qualquer desses lugares, caráter não dá voto. O que dá voto é dinheiro. Dinheiro para a campanha, dinheiro para comprar apoios, dinheiro para calar o povo. Quem não tem, está fora. Quem tem, paga. E quem paga, cobra.
E aqui está a maior piada de todas: o povo aponta o dedo para os políticos, mas esquece de olhar para o espelho. Porque se existe corrupto, é porque existe eleitor corrupto. O eleitor que vende seu voto por um saco de cimento, por uma dentadura, por uma vaga de emprego que nunca vem. O eleitor que reclama da corrupção em Brasília, mas adora o jeitinho na esquina.
Por isso, afirmo sem medo: homens e mulheres de bem não devem entrar na política. É impossível sair limpo depois de nadar nesse pântano. Cedo ou tarde, a mosca verde pousa na cabeça — e dali ninguém escapa.
A política, que já foi missão, tornou-se a arte da ingratidão. Uma ópera trágica em que todos aplaudem o ladrão e vaiam o honesto.
No fim, a verdade é simples: o povo tem sempre o governo que merece.
E esse é o maior castigo.
E o Brasil? O Brasil é apenas um imenso circo de horrores, onde o palhaço é o povo e a gargalhada é sempre dos corruptos.
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