Dom, 28 de Dezembro

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Brasília, 65 anos: o sonho que JK transformou em realidade

Hoje, Brasília celebra seus 65 anos. Uma cidade que nasceu da ousadia, da coragem e da fé de um homem que acreditava no futuro do Brasil. No coração do cerrado, ergueu-se não apenas uma capital, mas um símbolo de progresso e esperança. E esse símbolo tem nome: Juscelino Kubitschek de Oliveira.

JK nasceu em Diamantina, no interior de Minas Gerais, em uma família humilde. Sua mãe, Dona Júlia, era professora primária. Viúva aos  26 anos, após perder o marido, com 33 anos jamais quis se casar novamente. Criou sozinha seus dois filhos: Juscelino  ( Nonô ) e sua irmã Nanâ.Com muito esforço, educação e disciplina, preparou o caminho para que o filho trilhasse uma jornada extraordinária.

Ainda jovem, JK passou em um concurso para os Correios, onde começou a trabalhar em Belo Horizonte. Mais tarde, também ingressou na Polícia Militar, chegando ao posto de capitão-médico, já formado em Medicina. Sua vocação para servir e sua coragem logo se evidenciaram durante a revolução entre Minas Gerais e São Paulo, ( Revolução Constitucinalista de 1932 ) quando atuava nos hospitais de campanha, operando feridos sem medo, com habilidade e bravura.

Foi nesse cenário que chamou a atenção do Interventor Benedito Valadares, então uma das maiores lideranças de Minas. Reconhecendo em Juscelino um homem de visão, nomeou-o prefeito de Belo Horizonte. Mais tarde, JK seria eleito deputado federal, depois governador de Minas Gerais, e finalmente se lançaria à presidência da República.

Durante a campanha presidencial, num comício no interior de Goiás, ( Jataí interior  ) um cidadão chamado conhecido por Toninho, auditor fiscal do Estado, lhe perguntou se ele realmente cumpriria a Constituição ao pé da letra, como havia prometido. A resposta foi firme: “Sim. Não só construirei Brasília, como também a inaugurarei.”

E cumpriu.

Mesmo diante de enormes desafios — como o fato de o local escolhido ser um cerrado isolado, sem estradas, sem estrutura, no meio do país — JK não recuou. Aprovado o projeto no Congresso, ainda no Rio de Janeiro, deu início às obras. Brasília foi construída em tempo recorde. Uma cidade moderna, com linhas arrojadas e espírito futurista, projetada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, e sonhada por um Brasil que queria crescer.

Mas nem tudo foi fácil. Juscelino enfrentou uma grande resistência da oposição, que tentava impedir sua posse. Ele havia conseguido  apenas 36 por cento dos votos. mas isso bastava para incomodar os que não aceitavam sua popularidade e seu compromisso com o desenvolvimento. Foi então que o ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott (vale o ajuste aqui no nome), garantiu sua posse com firmeza — um ato decisivo para a democracia brasileira.

O Governo de JK foi marcada pelo desenvolvimento: estradas, energia, indústria, saúde, educação. O lema “cinquenta anos em cinco” se tornou realidade. Mas a ditadura militar, anos depois, o perseguiu. Foi cassado, não por crimes ou corrupção, mas por medo. Medo da força de sua liderança e da certeza de sua vitória, caso voltasse a disputar a presidência.

Como senador por Goiás, recebeu a notícia da cassação em plenário. Foi para o exílio, voltou antes do permitido, e passou horas sendo interrogado no aeroporto. Morreu sem jamais ter se enriquecido com a política, deixando Dona Sarah em situação difícil. Somente anos depois, o presidente João Figueiredo enviou ao Congresso um projeto garantindo a ela uma pensão de ex-primeira-dama, aprovado sem discussões.

Hoje, quando olho para Brasília, vejo mais que prédios e monumentos. Vejo o reflexo de um Brasil que um dia sonhou — e teve em Juscelino Kubitschek um líder à altura desse sonho. Um homem que não quis se servir do poder, mas servir ao povo. Um verdadeiro ícone do Brasil e do mundo.

Faleceu num acidente de carro quando viajava do Rio de Janeiro para Minas  Gerais em um acidente que até hoje não foi bem esclarecido.

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