Paulo Sérgio, o dom de fazer amigos
Conheci o empresário Paulo Sérgio Macedo, que Deus levou, ontem, aos 77 anos, numa rara incursão que fez ao Sertão do Pajeú quando Miguel Arraes havia sido eleito pela segunda vez, na histórica e emocionante campanha de 1986, derrotando o hoje ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Por meio do ex-senador Jarbas Vasconcelos, um dos seus maiores amigos, criei uma relação mais próxima. Bem-informado de tudo que se passava no poder, ele me deixava a par de bastidores explosivos. Em diversas ocasiões, o encontrei na casa de Jarbas quando este governou o Estado. Era assíduo frequentador dos cozidos preparados pelo então governador.
Boêmio, bom garfo, sua grande paixão era Portugal, destino que havia planejado para o feriadão da Semana Santa e que acabou adiado por recomendação médica. Paulo Sérgio também era frequentador do restaurante Leite, onde, por diversas ocasiões, tive o privilégio de dividir a mesma mesa com ele.
Tinha uma conversa agradável, uma memória de elefante para armazenar historinhas do arco da velha. Apaixonado por política, nunca quis saber de disputar mandato eletivo. A joia da sua coroa era seu exército de amigos, que gostava de reunir para relaxar e jogar conversa fora, entre os quais o amigão Jarbas Vasconcelos e o empresário Eduardo Monteiro, de quem era compadre.
Paulo Sérgio Macedo integrou a lista de bilionários pernambucanos, segundo a revista Forbes, com patrimônio estimado em mais de R$ 1 bilhão, ocupando a 260ª posição no ranking nacional. Mas nem parecia ser um homem tão rico, riqueza que veio com o sucesso da Nordeste Segurança de Valores, que nos tempos áureos gerou mais de 20 mil empregos, atendendo 15 mil clientes em 14 Estados nas áreas de segurança eletrônica, patrimonial e pessoal. Quem o conheceu, como eu, se encantava pelo seu gosto na suavidade, sua beleza na simplicidade, sua leveza de espírito e sutileza transparente.
A maior beleza do ser humano está na mais pura simplicidade. Meu pai dizia que o bom da vida é ser sem parecer. O que alimenta a alma é o espírito leve dos que sabem viver, assim como os alimentos nutrem o nosso corpo. Nenhuma morte manda recado, aprendi com meu avô. Não podemos intercalar tempo entre um instante e outro, pois esse não nos pertence.
A morte, como chegou do repente para Paulo Sérgio Macedo, nada mais é que uma despedida inesperada da qual não temos o direito de contestar ou evitar. A vida pode ser efêmera, mas as lembranças são eternas. Macedo deixa boas lembranças para sua família e amigos mais próximos, até porque existem lembranças que simplesmente não se apagam, permanecem por toda a vida.
