Sáb, 13 de Dezembro

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AMÉRICA DO SUL

Presidente do Equador diz que tráfico local movimenta US$ 30 bilhões por ano, quase do 1/4 do PIB

País com 18 milhões de habitantes tem dívida pública equivalente a 57% do PIB

Daniel Noboa, presidente do EquadorDaniel Noboa, presidente do Equador - Foto: Marcos Pin/AFP

O presidente equatoriano Daniel Noboa, que trava uma guerra de um ano contra as gangues do narcotráfico, denunciou na terça-feira que essas organizações movimentam pelo menos 30 bilhões de dólares (cerca de 24% do PIB local) em seu país a cada ano.

Ele descreveu como "terroristas" e "beligerantes" cerca de vinte organizações locais com ligações a cartéis internacionais, que mantêm confrontos sangrentos sobre o negócio da cocaína.

"Também estamos lutando contra grupos que movimentam mais de 30 bilhões de dólares em drogas, armas e mineração ilegal por ano. É uma fortuna", disse o presidente em declarações ao canal estatal TC Television.

"É muito dinheiro, é muito dinheiro em espécie", acrescentou Noboa, que em janeiro de 2024 declarou seu país em conflito armado interno diante do ataque de grupos criminosos.

A medida permite que ele mantenha os militares nas ruas para tentar conter uma onda de violência.

No Equador, com 18 milhões de habitantes e uma dívida pública equivalente a 57% do PIB, os homicídios aumentaram de 6 por 100 mil pessoas em 2018 para 38 em 2024.

O país "chegou ao seu pior momento em 2023", quando a taxa de homicídios atingiu o recorde de 47 por 100 mil habitantes, disse o presidente, que disputará o segundo turno presidencial em 13 de abril contra a candidata de esquerda Luisa González, para o período de 2025 a 2029.

"Estamos em guerra", disse o presidente, enfatizando que "se matarem um coronel, um coronel da Força Aérea neste caso, vocês estão em guerra".

Na sexta-feira passada, o Coronel Porfirio Cedeño, encarregado das operações de combate ao narcotráfico na cidade costeira de Durán (sudoeste e a mais violenta do Equador), foi morto a tiros quando passava pelo porto vizinho de Guayaquil, em outro incidente que chocou a população assustada.

O policial foi atacado por homens armados que atiraram pelo menos 20 vezes contra o veículo em que ele viajava e cujo motorista, outro soldado, ficou ferido. Noboa disse que "ações devem ser tomadas de acordo" com a periculosidade das organizações criminosas.

"Quem vence mais batalhas, quem consegue conquistar mais terras, quem consegue eliminar o inimigo, é quem vence a guerra", disse ele.

Em algumas áreas de Guayaquil, cujos portos são estratégicos para o embarque de cocaína para os Estados Unidos e Europa, são relatadas disputas brutais entre gangues. No último fim de semana, 14 pessoas foram assassinadas lá, incluindo sete que morreram em um ataque armado.

O Equador deixou de ser uma ilha de paz há anos entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo. Em 2024, um recorde de 294 toneladas de drogas foram apreendidas, em comparação com 221 toneladas em 2023.

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