Projeto sustentável que usa casca de sururu chega a Londres
Projeto sustentável desenvolvido pela Erem João Bezerra, em Brasília Teimosa, segue para o Fórum Internacional de Ciências da Juventude de Londres, na Inglaterra
Os resíduos da pesca do sururu em Brasília Teimosa contribuem para a infertilidade do solo, atraem animais e se misturam ao lixo comum. Alunos da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) João Bezerra, localizado naquele bairro, descobriram uma maneira de resolver o problema. O resultado foi tão bom que, ontem, um dos estudantes viajou para Londres para apresentar o projeto de reuso da casca do molusco, que é transformado em diversos tipos de objetos.
A partir da identificação do problema do descarte incorreto da casca do sururu após o debulhamento (retirada do filé do molusco), cinco alunos uniram geografia e química para realizar a primeira etapa de um projeto orientado pela professora de geografia Rosineide Lins. A ideia do trabalho era transformar as cascas em objetos, realizando uma junção do material com gesso.
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Com isso, foram criados ornamentos para decoração, lazer e até mesmo materiais didáticos como elementos da tabela periódica e letras em 3D. O projeto passou pela Feira Ciência Jovem, no ano passado, e seguiu para ser apresentado em Ambato, no Equador. Em abril deste ano, o Fórum Internacional de Ciências da Juventude de Londres convidou os alunos para expor o projeto novamente, dessa vez na capital da Inglaterra.
“A partir de um projeto que o nosso Erem já possui com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), voltado à sustentabilidade, eu trouxe os alunos para identificarem o problema e encontrarem uma possível solução para mudar a realidade deles”, conta a professora Rosineide, que acompanha o estudante Lucas Vinícius de Souza na viagem para apresentar o projeto em Londres. Ela não esconde o orgulho que sente pelos alunos.
"Você conseguir colocar o projeto de uma escola pública a nível internacional mostra que o trabalho que tivemos com esses estudantes, de despertar o interesse pela sustentabilidade, muda tanto a comunidade onde eles moram quanto o resto do mundo. É a melhor sensação que um professor pode ter."
Lucas Vinícius de Souza, um dos estudantes que participam desde o começo, disse que nunca imaginou que seu aprendizado seria levado para além do País. “Eu ingressei no projeto por conta dessa parte social com as marisqueiras, já que a comunidade é necessitada e me fez questionar como eu posso influenciar para mudar essa situação”, revela. “Com esse projeto, arrumei uma maneira de fazer isso, o que acabou também me afetando, já que aprendi mais na escola. E, com o tempo, ganhei novas experiências.
Lucas, acompanhado de Rosineide e da gestora da instituição, Viviane Gomes, foi quem apresentou o projeto no Equador, e, assim, teve a oportunidade de aprender uma nova língua. “Nunca imaginei que poderia chegar tão longe, confesso até que, no começo, estava desacreditado, já que nem dinheiro para viajar eu tinha. Mas agora vejo que é possível e estou muito ansioso”, relata, com ansiedade, sobre a expectativa da viagem a Londres. Ele também participou de um intensivo de inglês para apresentar o projeto.
Segunda fase
O projeto “Reuso da casca de sururu de forma sustentável” não vai parar por aí. Após as apresentações, pretende tomar um rumo mais socioambiental. Segundo a gestora Viviane Gomes, a próxima etapa consiste em reunir essas marisqueiras para uma junção de educação ambiental, empreendedorismo e sustentabilidade a partir de conversas e cursos. “A ideia é expandir mais e inserir a marisqueira dentro do processo, apresentando o projeto e oferecendo a ela a opção, tanto da confecção do objeto a partir da casca do marisco, ou da venda deste produto”, informa.

