Idade da mãe pode influenciar sexo dos filhos, aponta estudo de Harvard

A ideia de que a chance de ter um menino ou uma menina seja puramente aleatória pode não ser totalmente verdadeira. Um estudo da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, apontou que a idade da mãe ao ter o primeiro filho pode influenciar na predominância de um sexo entre os filhos.

A pesquisa analisou dados de 146 mil gestações, registradas entre 1956 e 2015 em 58 mil maternidades dos EUA. O objetivo dos cientistas era identificar se havia algum fator biológico ou comportamental capaz de explicar por que algumas famílias têm apenas meninos ou apenas meninas.

Foram observadas oito características maternas: altura, índice de massa corporal (IMC), raça, cor do cabelo, tipo sanguíneo, cronotipo (horário do dia em que estão mais alertas), idade da primeira menstruação e idade ao ter o primeiro filho — essa última variando entre 13 e 48 anos.

“Por experiência pessoal, já vi amigos e familiares que só têm meninas ou meninos na família”, afirmou a pesquisadora Siwen Wang, de Harvard, em entrevista à revista New Scientist. “Isso levanta a questão: seria puramente por acaso ou existe alguma base biológica que possa explicar esse fenômeno?”

Dados 

Os dados analisados incluíam apenas mulheres com mais de um filho: 61% delas tinham dois, 30% tinham três, 8% tinham quatro e o restante, cinco ou mais. Os resultados mostraram que mulheres que tiveram o primeiro filho aos 28 anos ou mais apresentaram 43% de chance de ter apenas filhos de um único sexo — índice superior aos 34% entre aquelas que deram à luz pela primeira vez antes dos 23 anos.

A razão dessa diferença ainda não é totalmente compreendida. Uma das hipóteses é que alterações biológicas relacionadas à idade possam interferir nesse processo.

“Estudos anteriores sugerem que a primeira fase do ciclo menstrual se torna mais curta com o tempo, o que pode favorecer o nascimento de meninos, enquanto a diminuição do pH vaginal com a idade pode beneficiar espermatozoides com cromossomo X, aumentando a chance de nascimento de meninas”, explicou Wang.

Fatores 

Além dos aspectos biológicos, pesquisadores apontam que fatores comportamentais também podem estar em jogo. Segundo Joshua Wilde, da Universidade de Oxford, mulheres mais velhas tendem a planejar melhor o tamanho de suas famílias, o que pode influenciar na composição por sexo.

“Mesmo que desejem filhos de ambos os sexos, elas podem decidir parar de ter filhos após dois meninos ou duas meninas”, avaliou. 

Os pesquisadores destacam que novos estudos serão necessários para compreender como interagem os fatores biológicos, comportamentais e ambientais na determinação do sexo dos bebês.

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