Uma em cada cinco vítimas de infarto tiveram experiências lúcidas de morte durante ataque
Estudo avaliou relatos e analisou os padrões de atividade das ondas cerebrais dos pacientes que sobreviveram a um parada cardíaca
A ideia da morte causa em muitas pessoas o sentimento de angústia e de muita ansiedade, mas cientistas fizeram novas pesquisas envolvendo pacientes que foram submetidos à uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) após uma parada cardíaca, e revelaram que a experiência de falecer pode ser menos angustiante do que pensamos. Os pesquisadores descobriram que um em cada cinco entrevistados tiveram experiências lúcidas de morte, apesar de aparentemente estarem fora da contagem de batimentos cardíacos.
O estudo foi apresentado nas sessões científicas da Associação Americana do Coração, e contou com 567 pessoas cujos corações pararam de bater enquanto estavam no hospital antes mesmo que os médicos realizassem o procedimento de emergência para evitar a sua morte. Os sobreviventes de infarto relataram uma sensação de separação de seu corpo, sem sentimento de dor ou angústia.
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Outros disseram que foram capazes de avaliar sua vida enquanto estavam aparentemente inconscientes, dando veracidade ao que muitas pessoas acreditam, que as nossas vidas passam diante de nossos olhos enquanto morremos.
Os pesquisadores também analisaram os padrões de atividade das ondas cerebrais dos pacientes durante a RCP. Ao fazer isso, eles detectaram picos de atividade, incluindo ondas gama, delta, teta, alfa e beta, que normalmente surgem durante processos conscientes. Surpreendentemente, essas explosões de atividade estavam presentes até uma hora após a RCP, apesar de não haver sinais de vida dos pacientes durante esse período.
“Essas experiências e mudanças nas ondas cerebrais podem ser os primeiros sinais da chamada experiência de quase morte, e nós as capturamos pela primeira vez em um grande estudo”, disse o autor do estudo, Sam Parnia, em um comunicado .
Os dados foram coletados como parte do ensaio clínico AWARE II (AWAreness during REsuscitation) e seguem a partir do primeiro estudo AWARE , que foi publicado em 2014. Durante a pesquisa anterior, os autores entrevistaram 101 sobreviventes de RCP, 46% dos quais disseram que podiam se lembrar da experiência.
Essas memórias compreendiam sete temas cognitivos principais, incluindo ver uma luz brilhante, uma sensação de déjà-vu, recordar eventos da vida e encontrar membros da família. Alguns sobreviventes disseram ter visto animais ou plantas, enquanto outros relataram ter medo ou sofrer violência ou perseguição durante sua breve retirada da vida.
Em 2019, os pesquisadores apresentaram os resultados de mais uma rodada de entrevistas. A comparação das experiências dos entrevistados com um registro de sobreviventes de parada cardíaca revelou que 95% dos ressuscitados que relataram memórias experimentaram uma sensação de alegria e paz , 86% viram uma luz e 54% revisaram seus principais eventos de vida. Após serem trazidos de volta da beira do abismo eterno, 95% disseram que o evento os transformou de forma positiva.
“Essas experiências lúcidas não podem ser consideradas um truque do cérebro desordenado ou moribundo, mas sim uma experiência humana única que emerge à beira da morte” disse Parnia. Segundo os pesquisadores, o cérebro pode passar por um processo chamado desinibição à medida que morremos, resultando em uma enxurrada de atividade que fornece acesso às camadas mais profundas da consciência.
Os cientistas dizem que saber exatamente por que isso ocorre é difícil, mesmo que o fenômeno levante algumas questões intrigantes sobre a consciência humana, mesmo na morte.

