Bancada evangélica: Lula ou Bolsonaro, o país segue sendo de Jesus, diz Otoni em culto após derrota
Deputado era o favorito do governo para presidir a frente parlamentar, mas acabou superado por nome próximo ao ex-presidente
Menos de doze horas após eleger Gilberto Nascimento (PSD-SP) como seu novo líder, a bancada evangélica se reuniu na manhã desta quarta-feira para realizar o culto semestral da Santa Ceia, que abre os trabalhos legislativos da Casa.
A solenidade foi marcada por um discurso do candidato derrotado, Otoni de Paula (MDB-RJ), que era o preferido do governo federal.
Otoni pediu a Nascimento, que sua presidência não se negue a orar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com base no papel institucional das igrejas de orar pelas autoridades.
— No dia que o atual presidente da República se dispor a nos receber para receber uma oração, que esta presidência não se negue orar por ele. Se ele der sinal que quer receber uma oração, como Bolsonaro veio, vamos receber — iniciou.
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Ele encerrou o raciocínio afirmando que, independente de Lula ou Jair Bolsonaro na cadeira presidencial, o país estaria aos mandos de Jesus.
— Assim nós faremos um gesto a esta nação de que, como igreja, não nos furtaremos do nosso papel, de orar por uma autoridade. Seja Lula ou seja Bolsonaro, uma certeza nós temos, o Brasil segue sendo do senhor Jesus — afirmou, sendo aplaudido pelos presentes.
Otoni fez seu discurso ao lado de Gilberto Nascimento e da vice-presidente Greyce Elias (Avante-MG), que desistiu de concorrer minutos antes da votação.
O clima no culto, que ocorreu às portas fechadas, foi de união após o racha. Usualmente, a solenidade é conduzida pelo candidato vencedor, mas Nascimento dividiu orações com Otoni de Paula, em um gesto de aproximação.
Apesar da extensa polarização no que se tornou uma campanha, o presidente foi eleito com ampla vantagem: ele teve 117 votos contra 61 de Otoni.
As eleições desta terça-feira foram inéditas. Tradicionalmente, a bancada sempre chegou a um consenso. Com a ascensão do nome do emedebista que havia feito acenos ao Palácio do Planalto, contudo, a ala bolsonarista se articulou e convenceu Gilberto Nascimento a concorrer.

