Básico seria valorizar passe em vez de se entregar agora
No partido, o assunto não foi debatido internamente
Antes que Márcio França, em entrevista ao jornal O Globo, publicada ontem, condicionasse, à escolha de Geraldo Alckmin como candidato, o apoio do PSB ao projeto presidencial do PSDB, o governador Paulo Câmara, ainda no dia 10 de novembro, construíra um raciocínio complementar ao do vice-governador de São Paulo, em entrevista ao Estadão. Vice-presidente nacional do PSB, Paulo fazia um aceno à ala paulista da sigla, cravando que Márcio França seria candidato ao governo de São Paulo e observara: "Com o apoio do Alckmin, melhor". Acrescentara ainda o seguinte: "Uma das grandes apostas que temos para 2018 é a candidatura do Márcio para também podermos ter, pela primeira vez, o comando do grande Estado, que é São Paulo". Não fez, ali, restrições ao nome de Aécio Neves, mas grifou: "Evidentemente, temos uma relação, hoje, mais sólida com o PSDB de São Paulo, onde a grande liderança é o Alckmin. Ao Globo, o próprio Márcio disse o seguinte: "Imagino que, se (os tucanos) não escolherem o Alckmin, não contarão com nosso apoio - do PSB e de outros partidos do nosso bloco, que tem PV, PPS, PHS, PROS". Márcio tem planos de concorrer à sucessão de Alckmin. Mas garantir apoio, dois anos antes a um candidato, reduzindo as chances de candidatura própria do PSB, não é estratégia das mais seguras. Ainda que o PSB não tenha um nome natural, hoje, para lançar no páreo, mostrar-se 100% à disposição de Alckmin, desde já, é caminho que acarreta risco alto de o governador de São Paulo não valorizar o passe o PSB mais na frente. E, de antemão, tucanos, já há algum tempo, fazem uma avaliação, nos bastidores, de que, em São Paulo, "ser do PSDB já é recado para milhares de eleitores". Em outras palavras, a chance é mínima de apoiarem, por lá, um nome de outra sigla. A máxima vale tanto para hipótese de Alckmin deixar o PSDB, como para o caso de Márcio ser candidato a governador sem integrar as hostes tucanas.
