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Contra atuação de Eduardo Bolsonaro, líder do PT na Câmara quer criar lei para crime de alta traição

Parlamentar afirma que movimentação de filho de ex-presidente os EUA o fez identificar vácuo em Código Penal

Contra atuação de Eduardo Bolsonaro (foto), líder do PT na Câmara quer criar lei para crime de alta traiçãoContra atuação de Eduardo Bolsonaro (foto), líder do PT na Câmara quer criar lei para crime de alta traição - Foto: Redes sociais/Reprodução

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) vai apesentar nesta sexta-feira um projeto de lei para criar o crime de alta traição à pátria. A medida, segundo ele, foi pensada visando o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem feito movimentações nos Estados Unidos visando trazer sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e dificultar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O texto de Lindbergh prevê reclusão de 20 a 40 anos e perda do cargo, patente, função pública ou mandato eletivo aos que cometerem o crimes contra o país. A ideia é penalizar quem "solicitar, estimular ou apoiar, de forma pública ou reservada, a adoção de sanções econômicas, diplomáticas, militares ou políticas contra o Brasil, por governo ou entidade estrangeira, com o intuito de pressionar, punir ou desestabilizar autoridades, instituições ou políticas públicas nacionais".

— Percebemos que tem um vácuo sobre esse tipo penal, de traição nacional, e fizemos uma tipificação específica em cima das ações do Eduardo. A inspiração foi exatamente esse momento, que percebemos que não tinha a tipificação no Código Penal. O que a gente gente achou mais próximo foi um artigo do código penal militar que pode ser usado para civil, inclusive eu e o senador Randolfe Rodrigues entramos com um pedido de prisão preventiva em cima dele, que fala de forma mais clara — explicou o deputado.

A ideia do parlamentar governista é replicar no Brasil uma tipificação criminal que já existe em outros países, como nos da Europa e nos Estados Unidos. O texto usado como base para a elaboração da proposta que será entregue à Câmara foi a legislação inglesa.

Além de Eduardo, Lindbergh quer que outros nomes sejam enquadrados, com o economista Paulo Figueiredo Filho, que tem atuado junto com o filho do ex-presidente. Foragido nos Estados Unidos, ele é neto do general e presidente da ditadura militar João Batista Figueiredo, Paulo Figueiredo.

Esta não é a primeira ação do líder do PT na Câmara contra Eduardo Bolsonaro. No final de julho, o governista pediu a suspensão do mandato do deputado federal licenciado e o bloqueio do salário do congressista. A solicitação foi enviada ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Em março, logo após , os deputados federais Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG) também apresentara um pedido de apreensão do passaporte de Eduardo, medida negada por Alexandre de Moraes. A decisão do ministro foi tomada após a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitir parecer contrário ao pedido dos parlamentares.

Eduardo anunciou a licença em março, e se mudou para os Estados Unidos com a alegação de que ele e seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, estariam sendo submetidos a uma perseguição no Brasil. O parlamentar declarou publicamente que se reuniu com congressistas e representantes da sociedade civil americana para pressionar por punições a autoridades brasileiras, citando Moraes em diversas ocasiões. Ele chegou a pedir ao presidente Donald Trump que incluísse o ministro na Lei Magnitsky.

O temor entre parte de seus aliados é que a iniciativa, agora bem-sucedida, seja usada para reforçar a narrativa de que o deputado agiu contra a soberania nacional ao colaborar com um governo estrangeiro para punir um integrante do Judiciário brasileiro. O receio é que isso fragilize ainda mais sua posição institucional e alimente também o inquérito no STF, no qual é investigado por incentivar sanções internacionais.

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