Ter, 16 de Dezembro

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Política

Crises tiram do foco disputa pela vaga de Barroso no STF

A pauta perdeu o foco, no momento em que outros eventos dominaram as manchetes, como a COP30 e o impacto do massacre ocorrido no Rio de Janeiro

 Luís Roberto Barroso deixou o Supremo recentemente Luís Roberto Barroso deixou o Supremo recentemente - Foto: Carlos Moura/SCO/STF

A sucessão para a cadeira deixada pelo ex-ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) ganhou tons de bastidor. A pauta perdeu o foco, no momento em que outros eventos dominaram as manchetes, como a COP30 e o impacto do massacre ocorrido no Rio de Janeiro. Apesar da relevância institucional da indicação, a cobertura do noticiário nacional concentrou-se em crises e fóruns internacionais que afastaram o foco da tradicional sabatina no Senado. Enquanto isso, a movimentação em Brasília segue intensa e longe dos holofotes, diferentemente de outras indicações ao STF.

Na ala governista, circula com força a informação de que o presidente Lula (PT) já teria definido o nome do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, como seu indicado para o STF. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, confirmou essa leitura, afirmando que o presidente “já tem uma convicção formada em torno do AGU”. A indicação seria uma escolha pessoal de Lula, alinhada à defesa institucional do governo e às pautas jurídicas do Executivo federal.

Ao mesmo tempo, cresce a percepção de que o nome enfrenta resistência no Senado, em especial do presidente da Casa, Davi Alcolumbre. O senador é apontado como um dos principais articuladores em defesa do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como alternativa à vaga. Nos bastidores, a leitura é de que a indicação depende diretamente da vontade de Alcolumbre, que já demonstrou força política em sabatinas anteriores e na condução de pautas estratégicas.

Os ministros que compõem a Corte manifestam preferência por um perfil técnico e moderado e também articulam apoio ao nome de Rodrigo Pacheco, alegando que ele tem melhor interlocução com o tribunal. Para integrantes do STF, um nome de maior convergência institucional evitaria desgastes políticos e preservaria a estabilidade do tribunal em um momento de forte tensão entre os Poderes. O movimento reforça uma pressão extra sobre o Palácio do Planalto.

Os bastidores em Brasília observam que, se o governo insistir em Messias, mesmo sem o apoio robusto de Alcolumbre e da bancada do Senado, poderá enfrentar uma sabatina espinhosa e risco real de rejeição. Essa possibilidade tem sido tratada com cautela por aliados do presidente. A disputa, por ora, segue ofuscada pelas outras crises, mas está longe de ser resolvida, e a escolha do sucessor de Barroso pode se tornar mais um capítulo de embate político em Brasília.

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