Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta "aparente articulação para golpe de Estado", diz Barroso
"Estou relatando fatos, não estou emitindo nenhuma opinião", afirmou
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, fez um comentário nesta segunda-feira sobre a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de articular um golpe para se manter no poder.
Segundo o ministro, a investigação aponta uma "aparente articulação para um golpe de Estado", que ainda precisa ser confirmada "à luz das provas".
— E ainda a investigação, com recente denúncia do Procuradoria-Geral da República, de aparente articulação para um golpe de Estado, o que ainda precisa ser julgado à luz das provas que forem apresentadas — disse Barroso durante o seminário de "Defesa da democracia e dos direitos fundamentais" na Escola Superior do Ministério, em Brasília, fazendo ressalva de que não estava emitindo nenhuma opinião. — Estou relatando fatos, não estou emitindo nenhuma opinião.
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De acordo com o Barroso, o mundo hoje está "assistindo a uma onda de populismo autoritário anti-institucional e anti-pluralista que oferece sérios riscos à democracia."
Ele citou como exemplos desse movimento "líderes carismáticos" da direita à e esquerda, que "manipulam os desejos e medo das pessoas".
Uma prática comum entre esses "populistas autoritários", segundo Barroso, seria a divisão da sociedade entre "nós e eles" - ("nós, as pessoas puras, descentes e conservadoras e eles, as elites cosmopolitas, liberais e corrompidas"); a estratégia de comunicação direta por meio das redes sociais; e o ataques às Supremas Cortes e às instituições que, segundo Barroso, tem como "papel limitar o poder político majoritário".
Esse papel de restringir o poder da maioria seria parte da fonte das polêmicas envolvendo o Supremo, que só se debruçam sobre pautas que dividem a população, conforme a visão de Barroso.
Em outra declaração que ecoou as conclusões da PGR, Barroso destacou o papel das Forças Armadas para barrar a trama golpista.
— Os tribunais por si só não são capazes de resistir ao avanço autoritário. No Brasil, no momento decisivo, as Forças Armadas também não embarcaram na aventura do golpe — disse o ministro.

