Seg, 08 de Dezembro

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INTELIGÊNCIA

Entidade de profissionais da Abin pede afastamento da atual direção do órgão

Comunicado foi divulgado após a PF concluir inquérito sobre o suposto funcionamento de uma estrutura paralela na instituição

 O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Correia O diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Correia - Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) divulgou nesta terça-feira um comunicado no qual critica a permanência da atual direção da agência no cargo.

O texto diz que é "inadmissível" manter no posto o atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, após a Polícia Federal o indiciar por obstrução de Justiça na investigação que apura a existência de uma estrutura paralela no órgão de inteligência durante o governo Jair Bolsonaro.

"É inadmissível que indivíduos sobre quem pesam acusações graves de obstrução de Justiça continuem ocupando cargos de comando na Abin. Absurdo sequer cogitar a permanência da atual direção e a continuidade do processo de definhamento e desmonte da Inteligência de Estado", diz a entidade.

A Intelis se opõe à indicação de delegados da Polícia Federal, caso de Corrêa, na cúpula da instituição. Procurada, a Abin ainda não comentou.

A PF concluiu o inquérito sobre o funcionamento da chamada "Abin paralela" no órgão de inteligência. Foram indiciados mais de 30 pessoas, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente.

Da atual gestão, além de Corrêa, a PF indiciou Luiz Carlos Nóbrega, chefe de gabinete, José Fernando Chuy, corregedor-geral do órgão. Os três são foram nomeados no governo Lula.

A PF aponta que aponta que a atual direção da Abin dificultou o acesso a dados relevantes sobre o suposto monitoramento ilegal feito pelo órgão - o que teria prejudicado as investigações e configurado o crime de obstrução de Justiça. Em depoimento à PF, Corrêa negou todas as irregularidades.

Além da atual direção, foram indiciados o presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado e ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem (PL-RJ), e o vereador Carlos Bolsonaro. Tanto Ramagem como o ex-presidente não comentaram o indiciamento. Em ocasiões anteriores, eles negaram a existência de estrutura paralela na agência e a participação em espionagens ilegais. A Abin, por sua vez, tem afirmado estar “à disposição das autoridades” e ressaltou que os fatos investigados ocorreram em “gestões passadas”.

"Alertamos uma vez mais, esperando não sermos novamente ignorados: é imperioso que a Abin seja gerida por profissionais de inteligência orgânicos", diz a nota.

Tanto Ramagem como o ex-presidente não comentaram o indiciamento. Em ocasiões anteriores, eles negaram a existência de estrutura paralelas na agência e a participação em espionagens ilegais. A Abin, por sua vez, tem afirmado estar “à disposição das autoridades” e ressaltou que os fatos investigados ocorreram em “gestões passadas”.

Em um post no X, Carlos Bolsonaro atribuiu o indiciamento a uma ação ligada à movimentação para a eleição de 2026 e disse não ser uma "coincidência". "Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!", ele escreveu no post.

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