Ex-governador do DF, Arruda diz que está elegível para 2026
Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", José Roberto Arruda, que teve o cargo de governador do Distrito Federal cassado em 2010, revelou que quer concorrer novamente ao Palácio do Buriti
Mais de quinze anos após deixar o Governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda quer concorrer novamente ao Palácio do Buriti. Cassado do cargo em março de 2010, ano em que inicialmente tinha planos de disputar a então reeleição, ele diz que espera pela oportunidade de se submeter ao julgamento do eleitor brasiliense. Se ampara em pesquisas de intenção de voto, que o colocam em boa posição para a disputa majoritária do ano que vem.
Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", Arruda cita a recente mudança na legislação, que teria garantido sua elegibilidade – embora seus adversários, em especial o governador Ibaneis Rocha (MDB), digam o contrário.
“É exatamente por causa da mudança na lei que eu posso ser candidato. A lei votada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Lula diz que os oito anos começam a contar na decisão do segundo grau, que no meu caso foi em 2014. Então na verdade eu estou há 15 anos fora da política. Pela lei anterior, os oito anos sequer teriam começado a contar. E cá para nós, foge de qualquer razoabilidade. Com essa mudança, eu posso voltar, mas os adversários que não gostam muito da concorrência estão tentando vender a tese de que o Arruda não pode. Eu acho que eles no fundo eles querem ganhar por W.O., querem ganhar no tapetão, querem evitar que eu possa concorrer, mas a lei me dá total garantia e já estou andando pela cidade”, afirmou o ex-governador.
Arruda negou os rumores de que disputaria pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, e adiantou que seu caminho deve ser pelo PSD de Gilberto Kassab. “Eu devo concorrer pelo PSD. Estou sem filiação partidária, recebi convite do presidente Kassab. Recebi outros convites também, do Aécio (Neves) e do Marconi (Pirillo), para voltar ao PSDB, e do Avante. Enfim, tem outros convites. Mas está tudo mais direcionado para eu ir para o PSD. Estou em pré-campanha. O que que eu me impus é que não dá para ser candidato de mim mesmo”, explicou.
“O que a lei dizia era que a inelegibilidade era de oito anos, e a modificação agora diz que o prazo começa a contar na condenação do segundo grau, que já produz inelegibilidade. Então o choro é livre, mas eu hoje estou elegível. Sabe o recado que eu dou para o atual governador? Aceita que dói menos. Vamos concorrer nas urnas”, disparou Arruda, que criticou a atual gestão e afirmou que "coisas estranhas" acontecem no governo de Ibaneis Rocha.
“Não vou acusar ninguém, mas tem muita coisa estranha. O negócio do BRB comprar títulos podres do banco Master tem um cheiro muito ruim, tanto que o Banco Central proibiu a incorporação. Mas Ibaneis já comprou títulos podres de um banco quebrado. Se tem alguma coisa a mais, eu não sei, não posso provar. Mas é tudo muito estranho. Lembro que o ex-governador Joaquim Roriz acabou sua carreira política quando ele foi à fazenda do Jorge Picciani (ex-deputado estadual pelo Rio de Janeiro) em Uberaba e comprou um bezerro, virou o bezerro de ouro. O Ibaneis foi lá e comprou a fazenda inteira. Olha, tem muita coisa estranha”, disparou Arruda.
O ex-governador também questionou a suposta aprovação do atual governo do Distrito Federal. “No Plano Piloto, ele tem aprovação sim, mas nas cidades satélites não. Porque quem não tem um plano de saúde e precisa buscar um hospital público está sofrendo muito. As pessoas mais pobres estão sofrendo muito. Brasília é a capital do país. Esse autoritarismo com que ele governa, essa forma coronelesca de levar a política, de censura. É uma coisa assim inacreditável que esteja acontecendo no século 21 em plena capital do país. Ele está demorando mais para fazer viadutos no Sudoeste do que o Juscelino Kubitscheck demorou para construir Brasília. Então é isso que a gente tem hoje. Se estivesse tudo bem, talvez eu não precisasse voltar. Na verdade, esse clamor pela minha volta parte das pessoas que estão desassistidas, que estão inseguras, que não têm atendimento razoável na saúde”, colocou.
Arruda ressaltou que vem lutando para ser candidato para “resgatar sua história política e seu legado”. “Aonde eu vou em Brasília, sou bem recebido. Quero ajudar a construir um futuro melhor para Brasília. Agora, imagina se eu tivesse ganho presentes dos prestadores de serviços do governo, como carros caríssimos. Era prisão perpétua. Se eu tivesse comprado títulos podres do banco Master, ou comprado a fazenda inteira do Picciani, ou comprado avião. Desculpa, o meu caso perto do que acontece hoje em Brasília é juizado de pequenas causas. Tenho a consciência tranquila, estou preparado para o debate, e aliás anseio por esse debate. Quero debater e ser julgado pelas coisas que fiz na vida, inclusive pelos erros que cometi, porque não deixa de ter sido erro confiar em quem não merecia a minha confiança”, concluiu.

