"Lula é complacente com o narcotráfico", acusa Ronaldo Caiado
Governador de Goiás rechaçou declaração do presidente Lula de que "os traficantes são vítimas dos usuários de drogas". Ele também acusou governo federal de ser "complacente" com o tráfico
A recente fala do presidente Lula (PT) de que "os traficantes são vítimas dos usuários de drogas" foi rechaçada pelo governador de Goiás e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Ronaldo Caiado (União Brasil). Em entrevista ao podcast "Direto de Brasília", o gestor acusou o governo federal de ser "complacente" com o narcotráfico e disse que a fala não teria sido um mero escorregão pela qual o presidente se desculpou, dias depois.
"Por que o governo Lula não resolve o problema da segurança? Porque é complacente com o narcotráfico. Já disse isso publicamente. Veja o que ele colocou na PEC da Segurança Pública. Ele quer tirar prerrogativa dos governadores e concentrar o poder no Ministério da Justiça. Ao mesmo tempo, onde você viu ele ter coragem de enfrentar o crime, uma ação direta dele, formando uma área de inteligência, dando a nós estrutura, acesso ao Coaf, a satélites, cruzando a área de informação com as polícias estaduais? Não fez. Então, na verdade, eles sempre viveram bem e conviveram bem com as facções. Essa é a verdade", disparou o governador.
Ostentando baixos índices de criminalidade em Goiás, Caiado atribui o trabalho na segurança pública à sua "autoridade moral". "Isso é que é governar um estado ou um país. Não é ser presidente. Para presidente alguém vai ser eleito, mas eu quero saber se tem autoridade moral de não deixar o Brasil 100% hoje comandado pelas facções. Recentemente saiu uma pesquisa dizendo que de 50 a 60 milhões de brasileiros vivem sob o comando das facções. Em algumas regiões e estados, a proporção é de mais de 60% da população. É preciso ter autoridade moral e resolver isso", cobrou Caiado.
A segurança, na visão do governador, permite que outras áreas, como saúde e educação, melhorem. "Quando você dá segurança, você evolui em todas as outras áreas; quando você dá segurança no estado, você evolui na educação, no comércio, no serviço, nas empresas que vêm, na economia. Tudo é sinônimo de ter segurança", completou.
O gestor, no entanto, se diz contrário a iniciativas como a de colocar câmeras nas fardas dos policiais militares. "A minha polícia sabe que tem o respaldo do governador. Tenho uma Corregedoria séria em Goiás, não aceito milícia, mas a minha polícia não vai trabalhar com câmera no uniforme. A polícia foi feita para proteger a população de Goiás, que estava totalmente destruído; sequestrado pela bandidagem. Vá lá hoje, você pode andar de dia e de noite com celular na mão, com carro, com um relógio. Nunca mais teve assalto a banco, um novo cangaço, sequestro ou invasão de terra. O estado está pacificado. Porque tem batalhões mais eficientes, a polícia trabalha e eu deixo a polícia trabalhar. Bandido lá não tem poder, você tem uma segurança máxima para o cidadão", disparou Caiado.
Sobre sua pré-candidatura, o governador lembrou que disputou contra Lula em 1989, na primeira eleição após 21 anos de ditadura militar. Ele ainda acusou o presidente de usar seus correligionários, a exemplo do ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), para desestabilizar os postulantes da oposição.
"Já demos início ao processo de expulsão do Sabino. Sabe por que ele insiste em ficar no partido? Não é só apego ao poder, mas para fazer um serviço também ao governo Lula, que é criar uma cizânia na bancada e ficar prometendo situações. Esse jogo será feito pelo governo em todos os partidos que se colocarem como oposição, para tentar desgastar, cooptar as pessoas e buscar a infidelidade de alguns como referência dessa prática", disparou.
"Nós conhecemos isso de longa data, até porque este é o modelo do governo Lula. Ele não tem escrúpulos, não tem responsabilidade com a economia nem com o futuro do país. Ele é capaz de tudo, das maiores inconsequências possíveis, para poder ganhar uma eleição, entre elas, esse tipo de procedimento rasteiro e criminoso", concluiu Caiado.

