Dom, 07 de Dezembro

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Ministros do STF avaliam que conversa entre Lula e Trump abre caminho para reverter sanções

Integrantes da Corte consideram que houve acerto em via diplomática adotada pelo governo brasileiro

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald TrumpO presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos EUA, Donald Trump - Foto: Evaristo Sá e Ludovic Marin / AFP

A conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi recebida com alívio por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que enxergam no gesto uma abertura para reverter sanções impostas por Washington.

Para integrantes da Corte, a iniciativa reforça o acerto da via diplomática adotada pelo governo brasileiro e evidencia o isolamento político do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), principal articulador de ofensivas contra autoridades brasileiras no país estrangeiro.

A leitura entre magistrados ouvidos pelo GLOBO é que Lula acertou ao evitar o confronto direto e apostar na diplomacia como caminho para reverter medidas como o tarifaço e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. 

A conversa, que durou cerca de 30 minutos, foi descrita por Trump como “muito boa” e sinalizou disposição para estreitar relações comerciais. Os ministros, que estão "otimistas", entendem que é possível haver, em breve, um reposicionamento dos Estados Unidos em relação às tarifas impostas ao Brasil.
 

Nos bastidores do STF, a avaliação é que o gesto de Lula enfraquece a narrativa de perseguição judicial sustentada por aliados de Jair Bolsonaro no exterior — o ex-presidente não foi citado na conversa, de acordo com integrantes do governo brasileiro. Ainda segundo um magistrado, o diálogo e as repercussões que seguiram revelam que o que vinha sendo dito pelos representantes do bolsonarismo, sobretudo pelo filho do ex-presidente Eduardo Bolsonaro, não estava de todo correto. 

A ofensiva diplomática ocorre em paralelo à articulação de uma proposta legislativa “antiembargo”, discutida entre o Judiciário, o Executivo e o Congresso, para blindar autoridades brasileiras de sanções internacionais, conforme revelou a coluna de Malu Gaspar. A ideia, no entanto, perdeu força diante da retomada do diálogo com Washington.

Em manifestação pública, o presidente do STF, Edson Fachin, criticou a ingerência de potências estrangeiras sobre o funcionamento do Judiciário brasileiro. Sem citar Trump, afirmou que “nenhum país está legitimado a ferir a autodeterminação de outro”, e classificou como “atentado à soberania” qualquer tentativa de interferência externa.

A escolha de Marco Rubio como interlocutor americano nas negociações foi celebrada por Eduardo Bolsonaro, que minimizou o impacto da conversa entre os presidentes. Para os magistrados, contudo, a indicação não representa um obstáculo.

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