Sáb, 06 de Dezembro

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Mourão cita "injustiça" com Bolsonaro, mas critica Trump após tarifaço: "Não venham meter o bedelho"

Tereza Cristina pregou uma conciliação

Senador Hamilton Mourão, ex-vice presidente de Jair BolsonaroSenador Hamilton Mourão, ex-vice presidente de Jair Bolsonaro - Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Ex-vice-presidente da República durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou, nesta terça-feira, o “tarifaço” de 50% para produtos brasileiros anunciado pelo presidente americano Donald Trump, na última semana. Trump justificou a decisão “em parte pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos.”

Ele saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e acusou o Brasil de perseguição política ao ex-mandatário de direita, que enfrenta um julgamento iminente por tentativa de golpe. Nesta terça, a Procuradoria Geral da República (PGR) recomendou a condenação de Bolsonaro. Em linha com Trump, Mourão disse que Bolsonaro sofre uma "injustiça". mas disse que a economia brasileira não pode ser penalizada.

— Podemos tentar um contato com a Comissão de Relações Exteriores do Senado americano para abrirmos mais um canal de diálogo, são mais de 200 anos de relação entre os dois países. Não aceito que Greta (Thunberg, ativista), Leonardo Di Caprio (ator americano) ou (Emmanuel) Macron venham meter o bedelho em um negócio nosso, então não concordo que o presidente Trump faça isto. Existe uma injustiça contra o presidente Bolsonaro? Existe, mas deixa que nós resolvemos por aqui — disse o ex-vice de Bolsonaro, durante sessão da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Ex-ministra da agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina (MS) pregou uma conciliação e se mostrou crítica ao tarifaço, na mesma sessão. Ela definiu o embate como um "jogo de perde-perde".

— Não podemos alimentar tensões políticas ou dar respostas precipitadas. O caminho deve ser sempre o caminho do diálogo. É hora de baixar a temperatura, levantar a cabeça, mas com serenidade e firmeza. Para sentarmos à mesa, dialogarmos, colocarmos o jogo-perde perde que serão essas tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. São cadeias altamente eficientes, sustentáveis e geradoras de emprego aqui e também nos Estados Unidos. E esses setores não podem ser penalizados por uma disputa comercial, que tem outros contornos políticos. A solução precisa vir da mesa de negociação — afirmou.

Nesta terça, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, defendeu o caminho das negociações com os Estados Unidos antes de recorrer à retaliação imediata por conta da tarifa de 50% imposta por Donald Trump às exportações brasileiras ao país. O setor pede trégua de mais 90 dias para negociar as taxas.

— Antes (de retaliar), é preciso esgotar toda e qualquer possibilidade de negociação — alertou.

O posicionamento é consenso no setor e foi definido em reunião virtual ontem entre todos os presidentes de federações da indústria. A estimativa preliminar da indústria é de uma perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, além de forte impacto sobre o PIB.

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