PGR diz que ex-comandante fez alerta 'contundente' a Bolsonaro sobre 'responsabilização criminal'
Paulo Gonet afirmou que Freire Gomes adotou 'tom polido' e 'linguagem cordial' ao ser ouvido como testemunha
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes fez um alerta "contundente" ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que ele poderia sofrer "responsabilização criminal" caso seguisse adiante com a minuta golpista que foi discutida.
Gonet ressaltou que esse aviso houve mesmo com Freire Gomes adotando um "tom polido" e uma "linguagem cordial" ao falar sobre reuniões que teve com Bolsonaro.
Em maio, Freire Gomes foi ouvido como testemunha de acusação na ação penal da trama golpista, que tem Bolsonaro e outros sete aliados como réus. Na ocasião, relatou que alertou a Bolsonaro que, "se saísse dos aspectos jurídicos, além dele não poder contar com o nosso apoio, ele poderia ser enquadrado juridicamente".
Leia também
• "Churrasco" foi usado como codinome para golpe, mostra PGR em parecer encaminhado ao STF
• PGR que Bolsonaro tinha discurso "radicalizado" sobre "fantasias" sobre fraudes em urnas
• Imprensa internacional repercute pedido da PGR para condenar Bolsonaro por trama golpista
Em alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira, Gonet destacou que o "tom polido" não escondeu um alerta sobre o que estava sendo discutido.
"Apesar do tom polido adotado pelo General, a mensagem dirigida a Jair Bolsonaro fora contundente. Tratava-se de alerta de que o plano delineado no Decreto era frontalmente contrário à ordem constitucional vigente e que sua execução implicaria graves consequências jurídicas. Por trás da linguagem cordial relatada em juízo, havia o recado de que a insistência culminaria na responsabilização criminal do então Presidente da República", escreveu o procurador-geral.
Durante sua audiência, em maio, Freire Gomes chegou a ser advertido pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, que apontou mudanças no que o ex-comandante havia dito à Polícia Federal (PF), no ano passado. O general, contudo, acabou confirmando os principais pontos de seu depoimento à PF.

