Prisão de Bolsonaro: Lula diz que não comenta decisão do STF e rechaça impacto na relação com Trump
Presidente afirmou que Bolsonaro teve direito a julgamento justo, mas que 'todo mundo sabe' o que o ex-presidente fez
O presidente Lula evitou comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista concedida em Johannnesburgo, na África do Sul, o petista afirmou que não comenta as decisões da Suprema Corte, mas deixou claro que "todo mundo sabe" o que Bolsonaro fez.
— Não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, ele teve todo direito a presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento. A Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir com a pena que a Justiça determinou e todo mundo sabe o que ele fez — disse Lula.
O presidente também minimizou uma eventual reação do presidente dos Estados Unidos em relação ao caso. Neste sábado, quando questionado na Casa Branca sobre a prisão de Bolsonaro, Trump respondeu apenas que achava a detenção do aliado "uma pena".
Os Estados Unidos aplicaram tarifas econômicas e sanções a autoridades brasileiras, como suspensão de visto e proibição de acesso ao sistema financeiro, justificando o que o país considerou como violação de direitos humanos no julgamento de Bolsonaro. A relação entre Lula e Trump, contudo, melhorou desde que os dois se encontraram pela primeira vez durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Leia também
• Ações de filhos justificaram derrotas jurídicas e prisão de Bolsonaro nos últimos meses
• Vice-chefe da diplomacia dos EUA critica prisão 'provocativa' de Bolsonaro e ataca Moraes
• STF deve manter prisão preventiva de Bolsonaro em julgamento virtual
— Acho que não tem nada a ver. O Trump tem que saber que somos um país soberano, que a nossa Justiça decide e o que se decide aqui está decidido — afirmou.
Apesar da declaração de Lula, a prisão preventiva decretada contra Jair Bolsonaro não ocorreu no curso do processo em que o ex-presidente foi condenado pela trama golpista. Bolsonaro foi preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, em razão da convocação de uma vigília em frente à sua casa, considerada por investigadores como um risco a ordem pública, e também por ter tentado abrir sua tornozeleira eletrônica com uma solda.
Bolsonaro foi levado na manhã deste sábado para a Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) em Brasília.

